Quem passa diariamente pela rua Getúlio Vargas, no Centro de Jaraguá do Sul, já ouviu falar dele. O vendedor Genir José Paratieri, 49 anos, é hoje atração na cidade, principalmente pela mensagem que ele leva às pessoas.
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_ Sorriso no rosto, sempre. Reclamar? Jamais!
Dono de uma voz marcante, o paranaense conquistou amigos e clientes ao longo dos mais de cinco anos que vive na região. Ele acorda de segunda-feira a sábado às 4 horas. No domingo, levanta às 6 horas, para participar de um programa por uma rádio de Schroeder, cidade em que mora. Para trabalhar em solo jaraguaense, ele precisa pegar um ônibus, mas a tarefa não é tão fácil quanto parece. Desde os três anos de idade, ele tem paralisia infantil.
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_ Eu olho pela janela da minha casa e, se o ônibus é adaptado, saio depressa para chegar até a parada. Se não é adaptado, espero pelo próximo. Às vezes, não vem nenhum ônibus adaptado, então, pego minhas muletas e subo no primeiro que aparece _ explica.
A doença não atrapalhou os estudos, tampouco impediu que Genir trabalhasse e constituísse uma família. Nascido em Diamante do Sul, Genir teve uma vida nômade durante um bom tempo. Da pequena cidade do Paraná, ele mudou-se com os pais e mais cinco irmãos para Cascavel. Com 12 anos, perdeu a mãe. O pai de Genir ficou sem chão e resolveu levá-lo para o Instituto de Assistência ao Menor, em Curitiba.
_ Lá, eles cuidavam da minha saúde e eu recebia uma educação de qualidade. Aprendi naquele internato a fazer minhas canetas com fio. Foi naquele lugar que eu decidir que queria ser alguém na vida _ relembra.
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Depois perder o pai vítima de câncer, Genir descobriu que tinha talento para as vendas e trabalhou por 12 anos em uma barraca de revista. Casou-se, teve duas filhas _ Lidiane e Horani _ e então decidiu morar no Vale do Itapocú.
As famosas canetas de Genir são um dos produtos que ele comercializa na calçada da rua Getúlio Vargas. Ele demora duas horas para fazer o objeto, que é coberto, de ponta a ponta, por fios de todas as cores, dependendo da preferência do cliente. Os pedidos variam das cores do time de futebol de Jaraguá a até a inscrição de um nome. Para Genir, o artesanato o ensinou a ter paciência e determinação, porque não é uma técnica fácil.
O ponto de vendas que tem na rua Getúlio Vargas foi conquistado por amizade. Ao ver a dificuldade de Genir para vender suas canetas, o dono da lanchonete Center Lanches, Jucily Amorim, resolveu ajudá-lo cedendo um espaço para guardar todos os seus produtos e a cadeira de rodas que usa. Sempre bem disposto, Genir fez amizades com doceiras e, com isso, aumentou o número de produtos à venda na sua barraca.
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_ As pessoas me pedem as horas e eu também guardo vaga de estacionamento. Há três anos, comecei a vender Trimania e já saíram seis ganhadores do meu ponto. E também vendo meus produtos no caminho de Schroeder a Jaraguá do Sul _ diz.
A alegria de Genir só não é vista em dias de chuvas. Ele garante que não tem hora para trabalhar, pois conversas com outras pessoas servem de motivação para viver.