O congestionamento que enfrentamos todos os dias não nos deixa esquecer: mobilidade urbana é um dos grandes desafios das cidades atualmente. Seja no ônibus, na bicicleta, na calçada ou na frota de mais de 100 mil veículos em Jaraguá do Sul, a população vivencia os reflexos da falta de planejamento.
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Entretanto, para além do plano municipal de mobilidade, elaborado para tentar reverter esse cenário, especialistas apontam soluções para os entraves da região.
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O Instituto Jourdan de Pesquisa e Planejamento para o Desenvolvimento Urbano e Econômico Sustentável defende a multiplicidade dos modais de transporte como principal medida para melhorar o fluxo urbano.
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Segundo o diretor de Desenvolvimento Econômico, Marcio da Silveira, as prioridades elencadas pelo instituto são as melhorias no sistema de transporte público; ampliação do sistema cicloviário para aumentar a segurança; melhorias nas calçadas, especialmente nas regiões com maiores índices de criminalidade; retirada dos veículos de carga das regiões com concentração de tráfego; e diminuição do uso do automóvel.
Na visão da arquiteta e urbanista Juliana Junqueira, professora da Católica de Santa Catarina, não somente transformações em infraestrutura são necessárias, mas também é fundamental uma mudança de hábito.
– É necessário mudar a consciência das pessoas porque mobilidade não significa cada um ter o seu carro para chegar mais rápido num lugar. Mobilidade é coletiva. É todos chegarem onde precisam. Então, primeiro, é preciso mudar a cultura e o pensamento das pessoas. Não adianta investir em mobilidade sem isso – frisa a professora.
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Para Juliana, é importante priorizar um transporte coletivo de qualidade, que atenda à demanda da população. Outro ponto é a integração dos transportes. Um ciclista poderia deixar a bicicleta no estacionamento do terminal, por exemplo, e seguiria de ônibus ou veículo leve sobre trilhos (VLT).
A coordenadora do curso de arquitetura e urbanismo da Uniasselvi Fameg, Karen da Rosa Zanotto, destaca a importância de um estudo que aponte novos modelos de gestão para a cidade. Essa pesquisa seria elaborada por uma equipe interdisciplinar para definição dos projetos de intervenção urbana, como a integração intermodal: ciclovias, caminhos de pedestres, rodovias e ferrovias.
– Para termos uma cidade sustentável, ela precisa atender aos objetivos sociais, ambientais, políticos e culturais, bem como os objetivos econômicos e físicos de seus cidadãos.
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As demandas da comunidade
Os jaraguaenses diariamente enfrentam tráfego intenso em horários de pico e lidam com presença do trem que corta toda a cidade, entre outros relatos que indicam algumas das dificuldades enfrentadas pelos moradores no trânsito. Para o presidente da Associação de Moradores do Bairro Nova Brasília, Marcos Luís Glatz, as principais ruas da cidade não comportam mais o volume de veículos. E os moradores do Nova Brasília são afetados, pois ficam entre o Centro e Vila Lenzi.
– Como Nova Brasília é um bairro de passagem, fica complicado se deslocar usando as vias principais. De uns tempos para cá, as ruas transversais, que seriam atalhos, estão mais cheias. Sem falar no trem que corta toda a cidade – explica.
A solução proposta por Glatz é expandir as ciclovias. A rua Antônio Carlos Ferreira, por exemplo, que corta o bairro, poderia ter uma faixa para os ciclistas. Outra indicação é um transporte público mais rápido, com mais linhas e opções de horários. Esta reivindicação também ocorre no bairro Centenário. Segundo a presidente da associação do bairro, Andréa Regina Ziehldorff, durante o dia apenas quatro horários de ônibus cortam o bairro.
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– Para termos mais mobilidade urbana, é necessário usar transportes alternativos. Porém, na maioria das vezes, as pessoas não vão andar um quilômetro até o ponto de ônibus, como ocorre no nosso bairro, onde não há paradas – afirma Andréa.
Conheça os desafios do transporte pública em Jaraguá do Sul
No Centenário, os moradores também se queixam das calçadas irregulares e estreitas, além da falta de iluminação. Andréa destaca que os moradores ficam sem alternativas para se deslocarem pela falta de infraestrutura da cidade.
– Um ciclista morreu no ano passado porque estava na rua sem iluminação. O motorista do carro não o viu – relembra Andréa.
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Andréa conta que há duas solicitações antigas na localidade: a revitalização da ponte que liga Jaraguá do Sul a Guaramirim e o prolongamento da rua Ademar Irio Vasel. As duas propostas descongestionariam os engarrafamentos nas avenida Waldemar Grubba, saída da cidade que passa em frente à WEG 2.
Os dois presidentes das associações afirmaram que os outros bairros também enfrentam situações semelhantes.
Sobre o Plano de Mobilidade
O plano visa a elaborar estudos que viabilizem um crescimento ordenado da cidade. Entre os objetivos do Plano de Mobilidade está traçar melhorias que possam ser sentidas rapidamente pelos moradores. Mais do que facilitar o tráfego de carros e diminuir pontos de engarrafamento, o Plano de Mobilidade quer tornar meios alternativos de transporte mais interessantes do que os veículos particulares.
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Entre as medidas que devem ser integradas ao plano estão ações em andamento, como a criação dos corredores preferenciais para ônibus. Apenas com as faixas das ruas Marechal Deodoro e Reinoldo Rau já foi possível diminuir o tempo de percurso em até 20 minutos, segundo estudo do Instituto Jourdan.
A expectativa é que, com a criação de novas faixas, o ônibus se torne cada vez mais interessante para a população. Requisitos que devem ser aplicados na licitação do ano que vem devem contribuir para isso, aumentando a qualidade e ofertando um preço atrativo.