Uma audiência pública nesta tarde de segunda-feira, no “Plenarinho” da Assembléia Legislativa, marca a entrega formal do relatório final da Comissão Estadual da Verdade Paulo Stuart Wright. O documento é resultado de um trabalho de investigação do passado e também de documentação dos casos de abusos ocorridos em Santa Catarina durante a ditadura militar.

Continua depois da publicidade

Leia também:

>> Morte de Higino Pio em 1969 foi “mais montada que a de Herzog”, afirma Comissão da Verdade em SC

>> Deputado perseguido foi cassado na Assembleia Legislativa catarinense sob o pretexto de não usar gravata

Continua depois da publicidade

Os números contam pouco da história real de quem foi vítima de perseguição durante a ditadura, mas servem para dar uma dimensão do que aconteceu no Estado. A Comissão da Verdade chegou a um número de 689 pessoas detidas, a maior parte sem ordem judicial, o que configura prisão ilegal e até sequestro.

Pessoas que desapareciam das ruas, de suas casas ou locais de trabalho, sem nenhuma informação para a família, e reapareciam dias depois, às vezes semanas. Santa Catarina teve 10 vítimas fatais, mas apenas um dos catarinenses foi morto no território do Estado, o então prefeito de Balneário Camboriú, Higino Pio.

Recontar a história de Higino foi a maior conquista da comissão. Em parceria com a Comissão Nacional da Verdade, legistas analisaram as imagens e documentos da morte do ex-prefeito e concluíram que ele não se suicidou, como atestado pelos militares à época.

Continua depois da publicidade

:: Vítimas do regime militar

O prefeito foi assassinado enquanto estava em posse das forças do Regime Militar na Escola de Aprendizes-Marinheiros de Santa Catarina, em Florianópolis. A reportagem do Diário Catarinense fez uma matéria relatando o caso, agora com a história reescrita pelos esforços catarinenses.

Os outros mortos pelo regime militar são: Arno Preis, de Forquilhinha, advogado, assassinado em Tocantins; Frederico Eduardo Mayr, de Timbó, universitário, assassinado em São Paulo; Hamílton Fernando Cunha, de Florianópolis, gráfico, assassinado em São Paulo, Luiz Eurico Tejeda Lisboa, de Porto União, estudante, assassinado em São Paulo. Rui Osvaldo Pfutzenreuter, de Orleans, jornalista, assassinado em São Paulo, Wânio José de Mattos, de Piratuba, Capitão da Polícia Militar, morto no Chile; João Batista Rita, universitário, de Criciúma, morto no Rio de Janeiro, Divo Fernandes de Oliveira, marinheiro de Tubarão, desaparecido no Rio de Janeiro e Paulo Stuart Wright, de Herval do Oeste, ex-deputado, desaparecido em São Paulo.

O regime militar deixou ao menos dez famílias catarinenses sem seus maridos, filhos ou irmãos.