Nas atas da Assembleia Legislativa de Santa Catarina, Paulo Stuart Wright, foi cassado por seus pares em maio de 1964 sob o argumento de que comparecia às sessões sem paletó e gravata. Mas, especula-se, o fato real teria sido a pressão do Centro de Informações da Marinha (Cenimar) para que ele fosse cassado por subversão. Como deputado, Wright denunciou oligarquias que dominavam a pesca no Estado e organizou 27 cooperativas de pescadores em todo o litoral.

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Paulo nasceu em 1933, em Joaçaba, Santa Catarina, filho dos missionários presbiterianos norte-americanos, Maggie Belle Wright e Lothan Ephrain Wright. Ao final de seus estudos, ele fez uma pós-graduação nos Estados Unidos, onde viveu cinco anos.

Para não lutar na Guerra da Coreia para a qual foi convocado, Wright voltou para o Brasil. No retorno ao seu estado natal, filiado ao PTB, concorreu e perdeu a eleição de prefeito em sua cidade em 1960. Dois anos depois, elegeu-se deputado estadual. Em 1963, sofreu um atentado, mas sobreviveu. Após perder o mandato, temendo por sua vida, Wright asilou-se no México, retornando clandestinamente ao país um ano depois para militar no grupo Ação Popular.

No início do mês de setembro, em 1973, foi sequestrado em São Paulo. Uma ficha localizada no Dops-PR indica ao lado de seu nome a inscrição “falecido”. Sua prisão jamais foi confirmada pelas autoridades e seu corpo jamais foi localizado.

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O irmão de Wright, o pastor Jaime Wright lutou durante toda a sua vida para localizar seu irmão. Essa busca incansável acabou sendo um dos motivadores para a realização do projeto Brasil: Nunca Mais, realizado em conjunto com Dom Paulo Evaristo Arns, que documentou centenas de casos de perseguições políticas realizadas pela ditadura militar do país.