Quando chegam os meses de junho e julho, tanto turistas quanto moradores de Santa Catarina já sabem: é a época das baleias francas, pinguins e outras espécies chegarem ao litoral. Todos têm uma missão em comum: fugir do rigoroso inverno nas águas do extremo sul do continente ou até da Antártida. E, no caso das baleias, também se reproduzir com segurança.

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A mais comumente vista no litoral catarinense é a franca. O bicho pode chegar a 18 metros e pesar até 60 toneladas. Apesar da proibição do turismo para observação de baleias, não é tão raro avistar os animais quando se anda de barco. Neste ano, pelo menos 10 baleias francas já passaram pelo Estado. Até o final da temporada são esperadas mais 100. Raras aparições de baleias bryde também são registradas, assim como de jubartes – que se perdem a caminho do litoral sul da Bahia.

Baleia jubarte passa sob barco na Ilha do Campeche

Os pinguins também despertam interesse. Quatro espécies chegam, mas a de maior frequência é o pinguim-de-magalhães. São aves marinhas de médio porte com aproximadamente 65 centímetros e 4,5 quilos com uma dieta composta principalmente por peixes pequenos e crustáceos. Apenas neste ano, 38 aves foram encontradas nas praias e entregues ao Parque Estadual do Rio Vermelho – treze delas estão em reabilitação. Isso sem contar os leões marinhos, focas e golfinhos que chegam à região.

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Independentemente do tamanho ou da espécie do animal, a curiosidade de vê-los na água é geral. Mas quando os animais chegam na areia, em todos os casos, significa alerta para as autoridades. A primeira recomendação de Polícia Ambiental, entidades protetoras de animais, Fatma e órgãos específicos de cuidado, como a APA Baleia Franca e a Associação R3 Animal, é de não se aproximar do bicho.

– Baleias, leões marinhos, lobos marinhos e outros animais não são necessariamente agressivos. Mas em uma situação de risco ou estresse eles podem reagir e machucar uma pessoa. Por isso é essencial não chegar muito perto – alerta o diretor geral da APA Baleia Franca, Cecil Ramos.

O recomendado é telefonar para qualquer órgão especializado e, na medida do possível, mandar fotos e vídeos. Assim, as equipes que são deslocadas já chegam com o equipamento na dimensão necessária para devolvê-los ao mar ou descartar sua carcaça, no caso de não terem resistido. Por exemplo, uma baleia com 50 toneladas encalhada exige uma embarcação muito maior do que de um filhote. E por não ter muitos equipamentos disponíveis em Santa Catarina, os órgãos têm uma rede de comunicação que facilita o deslocamento e compartilhamento de estruturas em toda a costa catarinense.

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A exceção são os pinguins, caso estejam debilitados. Nesta situação, a médica-veterinária da Associação R3 Animal, Cristiane Kolesmikovas, indica que a pessoa que encontrar o animal enrole-o em um pano, para evitar ser bicado, e o leve à sede no Parque Estadual do Rio Vermelho. Jamais se deve alimentar o animal ou colocá-lo no gelo, por exemplo.

– Se perceber que o pinguim esta debilitado o certo a se fazer é pegá-lo com auxílio de um pano para evitar uma bicada. Colocá-lo numa caixa e manter aquecido. Jamais transportar numa caixa de gelo como já recebemos alguns aqui. Ele já está com frio, no gelo ele fica ainda mais fraco.

De olho nas ruas: atenção no momento que desejar ajudar um pinguim

Na associação, os pinguins são hidratados, cuidados e, antes de serem devolvidos ao ambiente natural, recebem uma anilha metálica em uma das nadadeiras com informações técnicas importantes sobre a biologia da espécie, essenciais para o monitoramento e elaboração de políticas de conservação da espécie.

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– Foi encontrado na Patagônia um pinguim com uma anilha nossa colocada em 2008 o que comprova o retorno para a sua colônia reprodutiva. Por isso é muito importante quem encontrar o animal da praia trazer para a gente bem aquecido – frisa a médica-veterinária.