Se dezembro foi um mês ruim para os usuários e os trabalhadores do transporte coletivo de Blumenau, janeiro promete o fundo do poço, caso as permissionárias do serviço não recuperem a capacidade econômica – alternativa que, convenhamos, parece pouco provável diante da série de demonstrações de desgoverno na gestão empresarial ao longo dos últimos meses. Nessa hipótese, a prefeitura teria que notificar a caducidade da concessão, formalizar o rompimento do contrato, decretar o estado de emergência no setor, realizar uma nova licitação e delegar a atividade para um novo prestador.

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Na mais otimista das previsões, seriam pelo menos 15 dias sem atendimento até que o novo investidor disponibilize no mínimo 150 ônibus, contrate os profissionais e instale a infraestrutura logística. Os 1,4 mil funcionários das atuais operadoras perderiam o emprego, sem perspectiva de recebimento das indenizações trabalhistas. O município entraria em colapso. Tudo isso justifica a cautela do governo na condução da crise.

O saneamento das permissionárias seria a solução ideal para a normalização dos serviços. Entretanto, como a possibilidade soa muito distante no momento, há necessidade sim de um plano B. Por isso, é fundamental que o governo agilize os procedimentos burocráticos que podem minimizar os traumas decorrentes do rompimento do contrato.

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Os riscos do caos no transporte coletivo são altíssimos, com desdobramentos nas mais diferentes áreas, sejam econômica, política, social etc. O que seriam 15 dias sem ônibus em Blumenau? Não dá para prever com segurança. A preocupação de se evitar movimentos incompatíveis com os ditames legais não pode servir de desculpa para a falta de precaução e de iniciativa, as principais críticas dirigidas ao governo durante o desenvolvimento da crise.

Ratificada a comprovação de incompetência empresarial das atuais concessionárias, a transição para o novo modelo de negócio deve estar desenhada com a máxima previdência possível. A impessoalidade, a moralidade e a legalidade são princípios da administração pública, de fato, assim como a eficiência que se torna imprescindível nessa altura dos acontecimentos.

“Blumenau não merece e nem pode continuar vivendo com essas incertezas”, afirma Napoleão sobre o transporte

Emissário do setor privado relaciona pelo menos três investidores diferentes com interesse no mercado local do transporte coletivo. Um deles seria um dos gigantes do setor em nível nacional, com operações no Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso e Distrito Federal. Outro teria sede no Rio de Janeiro e já atuaria em Santa Catarina. O terceiro seria da própria região. As conversas estariam ocorrendo em Florianópolis e Brasília. A prefeitura desmente com veemência todas as especulações e desautoriza qualquer ilação sobre o contato com os interessados.

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