Pelos caminhos da política, Luiz Henrique da Silveira escreveu o seu próprio nome na história de Joinville, de Santa Catarina e do Brasil. Uma semana depois do último adeus, “AN” procurou alguns amigos de Luiz Henrique para contar episódios que talvez não ganhem as páginas de livros, mas que reivindicam um lugar nas memórias entremeadas de saudades.
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Ely Diniz, presidente do Instituto Festival de Dança, esteve com Luiz Henrique na cidade francesa de Joinville-le-Pont. Lá, o então prefeito levou a comitiva para um almoço e, ao ver algumas senhoras dançando alegremente, colocou um chapéu de palha e as tirou para dançar.
O assessor José Augusto Gayoso relembra de uma viagem com LHS para o Oeste do Estado durante a campanha para governador. Viu o então candidato discursar para poucas pessoas por mais de uma hora e meia.
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Valdir Steglich, presidente da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, viu Luiz Henrique, quando governador, parar um casal de noivos na Rússia, em plena sessão de fotos, para parabenizá-los e falar das belezas de Santa Catarina.
Mas, para Luiz Henrique, fazer política também era uma arte. E, não à toa, ele cultivava muitos amigos na música e na dança. O maestro José Barcellos de Mello tocou no velório a música preferida do amigo, que tinha um gosto eclético, do clássico ao popular. My way na voz de Frank Sinatra reinava nos ouvidos do político. Foi a música do casamento com Ivete Appel da Silveira.
E, fazer política, também é não ter dinheiro. O ex-assessor Álvaro Junqueira de Arantes Filho lembra de um momento em que o político quase perdeu “o negócio da sua vida”- a compra da casa em Joinville – por não ter recursos financeiros suficientes. A pedido de “AN”, essas cinco pessoas escreveram cartas relembrando esses e outros fatos que marcaram a trajetória política de Luiz Henrique da Silveira. Ele morreu em 10 de maio, às 15h15, no Hospital da Unimed, em Joinville.
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AS CARTAS
Álvaro Junqueira de Arantes Filho, ex-assessor de Luiz Henrique.




“Tive muitos momentos especiais ao lado de Luiz Henrique da Silveira, um grande amigo, que, muitas vezes, era como se fosse um mentor ou um irmão mais velho a quem se aconselha. Conversas inspiradoras e horizontes ampliados. Ele me apresentou um lado da política que eu não conhecia.
Um lado humano, sensível, justo, de muito engajamento e determinação. A sua palavra ecoava como ordem, e tudo que prometia tinha destino certo: a realização. Essas atitudes me revelou que, acima do político vencedor, existia um homem de bem, que acreditava na força da educação pela arte, no exercício da cidadania e na promoção da cultura. Escreveu sua história com maestria!
Foi em uma viagem à Rússia, que presenciei uma cena interessante e curiosa. Era maio de 2003. Estávamos saindo do Palácio de Peterhof, uma verdadeira joia da arte e da arquitetura russa, em São Petersburgo, onde havíamos participado das comemorações dos 300 anos da cidade.
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Luiz Henrique, homem culto e apaixonado pela história, estava muito feliz com a possibilidade de participar de um momento tão sublime e histórico para a Rússia. De repente, em meio às ruas, nos deparamos com um casal de noivos, recém-casados (na Rússia é comum os noivos saírem às ruas para brindar suas bodas e fazer fotos em lugares históricos). Ela com um vestido branco, longo, de tecido leve de seda, feliz da vida, que nem o frio a incomodava.
Sim, apesar de ser primavera, o vento, naquela noite, estava como o vento sul que bate nos invernos catarinenses. Então, Luiz Henrique, na época governador do Estado, se dirigiu aos noivos e, entusiasmado, os parabenizou pelas núpcias. O casal sorriu e sem entender uma palavra apenas consentia com tudo que ouvia do grande orador.
Em meio a sua fala, Luiz Henrique os convidou para visitar o Estado de Santa Catarina, conhecer as praias limpas de águas quentes e, quem sabe, passar a lua de mel. Todos que o acompanhavam acharam graça, pois, nem mesmo a distância e o idioma o impediram de exaltar o seu amor por Santa Catarina.
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Homem viajado, mas orgulhoso do país e, principalmente, do Estado onde nasceu e fez sua vida. Era assim, convidando desde pessoas comuns até chefes de Estados e grandes artistas, que Luiz Henrique trouxe para Santa Catarina crescimento e conquistas, deixando um grande legado para todos nós.”
José Antônio Barcellos de Mello, maestro, músico e empresário.

“A sensibilidade e o conhecimento musical de Luiz Henrique da Silveira era algo a ser invejado. Conhecia quase todos os tipos de músicas, desde a clássica a popular. Sua preferida, em primeiro lugar, era “My way”, música que sempre era muito apreciada por ser a música do casal Ivete e Luiz Henrique. Também as músicas de Astor Piazzolla estavam entre as suas preferidas.
Lembro bem do tempo em que tocávamos no Mercado Municipal (Phanton Band, banda formado por músicos de Joinville e liderada pelo maestro Mello), chorinho, quando ele aparecia e sempre pedia para o falecido Antônio de Paula, o maior cantor seresteiro de Joinville, cantar “A Professorinha”.
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A nossa amizade começou na primeira apresentação de Jeff Keller em Joinville (em 1988). Após o show, ele esteve no camarim, elogiou a apresentação e se prontificou a ajudar no que fosse necessário. Esse era Luiz Henrique. Um amigo para todas as horas, um ídolo.”
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