É nesta sexta-feira o grande dia. De manhã, cedinho, Elisiel Silveira, 26 anos, deve passar pelo tão esperado transplante de rim. A primeira a entrar na sala de cirurgia será a doadora, sua irmã, Elizia Silveira, 28.

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– A retirada é feita com a ajuda do vídeo, por meio de pequenas incisões e um corte semelhante ao de uma cesárea -, explica a coordenadora do setor de transplantes da Pró-Rim, Luciane Deboni.

Durante cerca de uma hora, o rim é mantido no gelo e numa solução especial, porque é preciso retirar todo o sangue do doador e conservar o órgão. Este é o tempo que a equipe cirúrgica leva para preparar o receptor e fazer o que os médicos chamam de loja _ o local onde será implantado o órgão.

No caso de Elisiel, não será preciso retirar os dois rins que não estão funcionando. Por isso, ele somente receberá outro órgão, que será acomodado numa cavidade pertinho do apêndice.

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– Primeiro, são feitas as costuras da veia, depois da artéria e por último do ureter, o canal por onde o paciente elimina a urina -, conta a médica.

Serão entre quatro e cinco horas de cirurgia. E como Elisiel está recebendo um órgão de um doador vivo, a expectativa é de que o novo órgão comece a funcionar logo após a cirurgia, libertando-o da rotina da hemodiálise.

– No caso de doador morto, o paciente transplantado às vezes demora de duas a três semanas para ter todas as funções do novo rim normalizadas. Por isso é preciso fazer diálise após a cirurgia -, explica a especialista.

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Isso porque o órgão fica, muitas vezes, mais de 24 horas fora do organismo, e demora um pouco para voltar a funcionar normalmente. O tempo de isquemia fria – que é o tempo que o rim fica no gelo, aguardando o momento de ser transplantado – é de, no máximo, 48 horas.

É por isso que as chances de sucesso de um transplante realizado entre parentes, como é o caso de Elisiel, são maiores.

– O índice é de nove transplantes bem sucedidos a cada dez, enquanto nos casos de transplante envolvendo um doador morte, esse índice cai para oito a cada dez -, ressalta a médica.

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Luciane explica que atualmente o paciente transplantado nem precisa ficar na UTI. Então, Elisiel deve voltar ainda nesta sexta para o quarto 308, no segundo andar, junto com a irmã. No caso de Elizia, a recuperação será rápida. Em dois dias, ela deve receber alta. Já Elisiel deve permanecer hospitalizado por pelo menos 60 dias.

O risco de infecção é alto entre os transplantados, que precisam tomar imunossupressores, medicamentos que reduzem a imunidade do organismo, para evitar a rejeição do órgão.

Além disso, durante os três primeiros meses, ele será acompanhado de perto pela equipe da Pró-Rim. Só depois, ele poderá voltar para a cidade onde mora, o município de Campo Novo, em Rondônia, no Norte do País. Mas não há dúvida de que a viagem de mais de 3 mil quilômetros valeu a pena.

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– Nem acredito que vou poder voltar a tomar água à vontade -, diz Elisiel.

– A primeira coisa que quero fazer depois da cirurgia é tomar um copão de água, comer uma fatia de melancia e tomar suco de laranja, coisas que eu não podia fazer nesses quatro anos de tratamento -, diz.

Mas o que ele mais espera é pelo retorno para casa.

– Não vejo a hora de rever meus três filhos.

Passo a passo da cirurgia

1) O doador entra primeiro no centro cirúrgico para a retirada do rim.

2) Todo o sangue do doador e retirado do rim, que recebe uma substância para conservá-lo e é colocado no gelo por aproximadamente uma hora.

3) Durante esse tempo, o receptor é preparado, em outra sala do centro cirúrgico, para receber o órgão.

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4) A veia e a artéria renal são costuradas ao novo órgão, assim como o ureter (canal por onde a urina é eliminada)

5) A recuperação do doador é rápida e exige internação de apenas 48 horas.

6) O receptor precisa ficar internado por pelo menos 60 dias, devido à queda de imunidade causada por medicamentos que tem como finalidade reduzir as chances de rejeição do novo órgão.