Quem aguarda por um transplante de rim precisa se adaptar a uma dura rotina: a da hemodiálise. Elisiel Silveira, de 26 anos, já perdeu as contas de quanto tempo passou ligado a uma máquina, para filtrar o sangue.
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Fazendo os cálculos, considerando que Elisiel está em tratamento há mais de quatro anos e precisa fazer hemodiálise três vezes por semana, durante quatro horas, ele já passou cerca de 2,4 mil horas, o equivalente a cem dias, fazendo hemodiálise.
Isso sem contar as horas de viagem, entre o município de Campo Novo (Rondônia), onde mora, e Ariquemes, a 160km de distância, onde Elisiel iniciou o tratamento.
– Depois, como fechou a clínica, passei a fazer hemodiálise em Porto Velho, que fica a 300 km de Campo Novo -, lembra.
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Quando descobriu que sofria de insuficiência renal crônica, aos 22 anos, Elisiel precisou passar por uma pequena cirurgia, para preparar o acesso por onde passaria a ser conectado à máquina de hemodiálise.
– Trata-se da fístula, que é uma veia mais calibrosa, necessária para iniciar a hemodiálise -, explica a enfermeira do setor de transplante da Pró-Rim, Elviane de Moura.
Após a cirurgia, foi preciso aguardar 30 dias para dar início ao tratamento.
No caso de Elisiel, ele possui uma boa fístula, capaz de aguentar o fluxo sanguíneo durante a hemodiálise, que é de em média 350ml/segundo.
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– Mas muitos pacientes não tem uma boa fístula, e por conta disso acabam entrando na fila de transplante com urgência -, diz a enfermeira.
É através da fístula que o paciente é ligado à máquina de hemodiálise, que durante quatro horas filtra realiza o trabalho do rim do paciente. Por um dos acessos, o sangue é bombeado em direção à máquina e passa pelo capilar, um filtro potente que elimina toxinas, o excesso de líquido e ainda reestabelece o equilíbrio de substâncias como potássio, sódio e ureia.
– E antes de retornar ao organismo pelo outro acesso da fístula, o sangue passa por um catabolhas, que elimina possíveis bolhas de ar no sangue -, explica a enfermeira.
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Para calcular a quantidade de impurezas e água que é eliminada neste processo, o paciente é pesado antes e depois da sessão, e o ideal é que o paciente perca de 1,5 quilos a 2 quilos durante a hemodiálise.
Elisiel, que se diz um bom paciente, tem perdido cerca de 1,5 quilos por sessão. Mas aqueles pacientes que não seguem as recomendações médicas e consomem muito líquido perdem bem mais do que isso e muitas vezes passam mal durante a sessão, sentem náusea e tontura. Volta e meia, Elisiel também passa mal.
Mas ele está prestes a abandonar essa rotina. Nesta quinta-feira, Elisiel vai passar pela última sessão de hemodiálise antes do transplante, e ele já sonha com o momento em que vai poder voltar a trabalhar e desfrutar de pequenos prazeres da vida, como tomar um copo de água bem gelado num dia de calor e poder a urinar normalmente.
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– Vou poder tomar suco, sopas e comidas encaldada, com bastante molho, como eu gosto -, diz Elisiel, que está ansioso pelo transplante.
A cirurgia será realizada na próxima sexta-feira, no Hospital São José, em Joinville. E a doadora será a irmã mais velha, Elizia Silveira, que está feliz por poder libertar o irmão da hemodiálise.
– Já acompanhei algumas sessões e sei como é sofrido -, ressalta Elizia.