O jovem agricultor Elisiel Silveira, de 26 anos, está prestes a vencer a batalha contra a insuficiência renal crônica. Há quatro anos, ele depende da hemodiálise, realizada pelo menos duas vezes por semana, para viver.

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Mas a rotina desgastante de depender de uma máquina que faça o trabalho dos rins – filtrar o sangue para eliminar toxinas, o excesso de água e reequilibrar o organismo – está prestes a acabar.

Na sexta-feira, ele vai receber um dos rins da irmã mais velha, Elizia Silveira, em uma cirurgia que será realizada no Hospital Municipal São José. A esperança é de uma nova vida após o transplante. Ou melhor: retomar uma vida normal, ao lado da mulher e dos dois filhos.

O caminho traçado até a cirurgia foi longo e tortuoso. Elisiel nunca havia entrado num avião. Teve de deixar o medo de lado e enfrentar três voos para deixar a cidade de Campo Novo, onde mora, em Rondônia, e chegar a Joinville, no último dia 22 de maio. São 3.172 km de distância.

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– Saímos a uma hora da manhã de Porto Velho, chegamos às 10 horas em Cuiabá e de lá pegamos outro avião até São Paulo para depois embarcar para Joinville -, conta Elisiel.

A longa viagem tem uma explicação: Rondônia não tem um hospital habilitado para fazer a cirurgia.

– Lá, até o acesso à hemodiálise era difícil.

Elisiel tinha hipertensão, mas não tratava a doença porque o município de Campo Novo não tinha uma rede estruturada de saúde pública. A hipertensão é uma doença silenciosa, que não apresenta sintomas, mas as consequências podem ser graves.

No caso de Elisiel, o alerta apareceu aos 22 anos. Ele vivia cansado, inchado, e não podia trabalhar, sob o sol forte, que passava mal. Foi então que descobriu que a pressão alta sobrecarregou os rins, que não funcionavam mais direito. Assim que soube que tinha insuficiência renal, Elisiel passou a viajar 160 km, três vezes por semana, até a cidade de Ariquemes para passar pela hemodiálise.

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Mas a clínica onde ele era atendido fechou, e ele foi obrigado a enfrentar distâncias ainda maiores em busca de tratamento. A máquina mais perto ficava na capital, Porto Velho, a 360 km de Campo Novo.

– Eu levantava às 3 horas para chegar na clínica às 10 horas e passar por quatro horas de hemodiálise -, conta o paciente.

E assim foi a rotina de Elisiel durante um ano, até descobrir, por um amigo, que poderia realizar o transplante em Joinville, pela Pró-Rim. Só faltava encontrar um doador compatível. E candidatos na família não faltaram.

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