Passados dois meses das enxurradas que atingiram SC, as cidades mais prejudicadas – Coronel Freitas, Saudades e Maravilha – ainda sentem os sinais do excesso de chuvas causado pelo El Niño em julho. Há pontes com as cabeceiras danificadas, montes de madeiras que eram casas espalhados pelas ruas e pessoas sem ter para onde ir e ainda vivendo no improviso.

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Em meio à expectativa de reconstrução, moradores do Oeste já temem os possíveis estragos que o fenômeno climático ainda pode causar, pois as previsões apontam efeitos de forte intensidade durante a primavera na região. Por isso o foco está na prevenção a cargo da Defesa Civil.

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Após perder R$ 1,5 milhão, Odirlei Kerstik pegou dinheiro emprestado para erguer uma estrutura mais alta que a anterior. Foto: Sirli Freitas/Agência RBS

O coordenador regional do órgão em Chapecó, Clair Bazzi, diz que os municípios estão orientados para monitorar os alertas de temporais e têm planos de ação para atendimentos emergenciais.

– As pessoas em área de risco devem ser retiradas – exemplificou Bazzi.

Além disso há estoques de lonas, kits de limpeza, de higiene e colchões em cada regional para atender os atingidos. São Miguel do Oeste, Maravilha, Chapecó e Xanxerê funcionam como uma espécie de quartel-general da região.

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– Temos como atender nas primeiras 48 horas, para depois acionar o Estado – relata Bazzi, ao destacar ainda que foi criado um Colegiado de Defesa Civil com 22 municípios da regional de Maravilha e, nos próximos meses, o mesmo deve ser feito em Chapecó e Xanxerê.

Enquanto isso, prefeituras tentam reerguer as cidades, ainda que faltem recursos que precisam ser liberados pelo Ministério da Integração Nacional. Em Saudades, por exemplo, o prejuízo é calculado em R$ 45 milhões – equivalente a dois anos de orçamento municipal.

Em Coronel Freitas, o trânsito na avenida Santa Catarina continua em meia pista na ponte sobre o rio Xaxim, que precisa ser reformada. Em Maravilha, a solução mais aguardada é mesmo o desassoreamento e aprofundamento do leito do rio Iracema, cujo pré-projeto já foi encaminhado ao governo federal.

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Construções mais altas contra prejuízo maiores

Depois de perder praticamente todos os móveis e eletrodomésticos na enxurrada que atingiu Coronel Freitas, a família da babá Sidineia Siqueira resolveu erguer a casa a três metros de altura. Com auxílio de guindastes, a moradia de madeira, que ficou submersa até o telhado, foi levantada e é sustentada por nove pilares de concreto.

Sidineia tem auxílio dos irmãos, que são pedreiros, na reconstrução. Ela não sabe se conseguirá terminar a obra até o fim do ano e teme a chegada de mais chuva.

– Não quero viver novamente a sensação de ter que fugir de casa com minha filha nos braços e voltar e ver tudo tomado pela lama – diz.

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A babá Sidineia Siqueira teme que não consiga terminar a obra antes de uma nova enxurrada. Foto: Sirli Freitas/Agência RBS

A enxurrada que engoliu a casa da babá também acabou com o estoque do empresário Odirlei Kerstik, proprietário de uma empresa de refrigeração em Coronel Freitas que perdeu cerca de R$ 1,5 milhão.

Com dinheiro emprestado por familiares, está retomando o negócio. Mas com precaução: aplicou R$ 120 mil num galpão novo, com dois pavimentos. O térreo funcionará como garagem e o segundo será do estoque, a 3,80 metros do chão.

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A tentativa de evitar danos maiores é a mesma para Altair Milkiewkz, de Xaxim. Depois de ver a água alcançar 1,5 metro e ter uma fábrica de vidros e artesanato destruída pela águas do rio que dá nome ao município, ele elevou o nível do terreno, colocando 50 cargas de terra na propriedade.

– Estou ajeitando para depois tentar reconstruir – afirmou, receoso com a temporada de chuva prevista.

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