O sonho já é antigo e demandou um ano inteiro de preparação. Agora, a menos de uma semana da partida, os últimos detalhes são arranjados para a Expedição Voar Alto nos Andes. Às 4 horas da madrugada da próxima segunda-feira, o casal jaraguaense Rodrigo e Sheila Machado parte rumo à Cordilheira dos Andes, em busca de pontos de voo livre que jamais foram explorados. Serão ao menos 23 dias de viagem, oito mil quilômetros e, no mínimo, nove pontos principais de paradas. Tudo para desbravar os céus da principal cadeia de montanhas da América do Sul.

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– A ideia é registrar esses lugares de um ângulo diferente. O que nos move é a vontade de conhecer outros lugares. Nos pontos não explorados, queremos tentar fazer voos. Eu tenho o voo como portfólio, mas essa será a primeira viagem internacional – conta Rodrigo.

O casal que parte nesta aventura está preparado para o desafio. Rodrigo Machado é atleta do voo livre desde 2000, sendo piloto acrobático,instrutor de voo e piloto de voos duplos. Proprietário da Escola de Parapente Voar Alto, ele coleciona títulos em campeonatos de parapentismo – e é esta experiência que permitirá explorar o ar de locais jamais visitados. Já Sheila é amante da natureza, está finalizando o curso de piloto de parapente e prepara-se para fazer a maior parte dos registros fotográficos da viagem.

Mesmo com a bagagem de experiência, preparos extras foram realizados. Há um ano e quatro meses o casal faz treinamento físico para encarar a maratona, focando principalmente na resistência e capacidade respiratória, por causa do ar rarefeito das montanhas.

Aventura deve render frutos

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O portfólio de aventuras de Rodrigo, jámarcado por um salto de parapente de dentro de um balão, deve ser engordado com a nova aventura. São os anos de voo que irão garantir a segurança para explorar outros ares. Rodrigo explica que o primeiro passo é acompanhar as previsões meteorológicas, que mudam rapidamente na Cordilheira. Conversar com nativos também vale na hora de avaliar um ponto de voo e compreender as condições locais.

– Depois de eu fazer o salto do balão, percebi que eu podia mais, ir além na aventura e superar limites. Como instrutor, isso me leva a uma melhora profissional. Aumento minha carga de conhecimento técnico e exploro ao máximo esses lugares, contribuindo para aventuras maiores, sempre em busca de algo diferente e inovador – resume Rodrigo.

De tantas explorações, o casal pretende trazer retornos para o Brasil. Uma palestra abordando a importância do planejamento e de objetivos é um deles, assim como vídeos e fotografias, que terão a mão de Sheila nos cliques. Tudo para garantir o melhor ângulo aéreo da viagem e ter a certeza de que explorar os céus é o caminho mais certeiro do casal.

– É um crescimento pessoal também. Há toda a cultura desses povos e desses lugares. Esse é só o começo para impulsionar outras aventuras – acrescenta Sheila.

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O roteiro do sonho

Definido de acordo com pontos de voo livre – e também de trekking -, a expedição parte de Jaraguá do Sul rumo à São Miguel do Oeste, onde será feita a primeira travessia para terras estrangeiras, por Dionísio Cerqueira. O casal segue até Possadas, indo depois para Salta. Dali, parte para o Chile em direção a Antofagasta até o Iquique, extremo norte chileno e um ponto clássico do voo livre mundial. Uma saída da rota em direção ao Peru ainda está sendo pensada e pode surgir em meio ao percurso. Seguindo a programação, Rodrigo e Sheila vão até a Bolívia, no Salar de Uyuni, depois voltam ao Chile, indo até San Pedro de Atacama. Lá será o ponto em que ficarão por mais tempo, por uma semana, onde subirão o Vulcão Licancabur e conhecerão os gêiseres a cinco mil metros de altitude, passarão pelo Vale da Morte e Vale da Lua.

Daí, o casal volta para a Argentina, para San Salvador de Jujuy, passando por Presidencia Roque Sáenz Peña, de onde retorna a Dionísio Cerqueira e depois Jaraguá do Sul.

Todo o trajeto será percorrido a bordo de um Uno Mille Way 2013. Equipado com um suporte no teto, o pequeno veículo irá abrigar os quatro parapentes que serão levados (um para acrobacias, um de Rodrigo, um de Sheila e outro para voos duplos), além do equipamento para camping, roupas e comida. Serão cerca de 150 quilos de carga.