Nesta semana, o Carnaval de Florianópolis teve anunciado seu primeiro desfalque para 2018. E foi uma baita perda. O bloco Baiacu de Alguém, um dos maiores da cidade e o mais importante da festa de Santo Antônio de Lisboa, confirmou que não participará da folia do ano que vem. A Associação Cultural Baiacu de Alguém, no entanto, que funciona o ano inteiro, continuará suas atividades e já deu os primeiros passos para montar uma bateria mirim.
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Segundo o membro da coordenação e um dos fundadores do bloco, Nelson Motta, essa pode ser considerada uma das mais difíceis decisões que o grupo tomou. A definição foi tomada em conjunto com os membros da bateria do bloco.
— Está muito difícil de fazer aquele Carnaval autossustentável. Os custos e as despesas estão muito altos. O que a gente arrecada, com a venda de camisetas, não supre a demanda. E por mais que a gente corte gastos, ainda não é o suficiente — lamentou Motta.
Outra razão, explica, é o clima ruim com a crise econômica e pouca valorização por parte do poder público ao Carnaval da cidade. A expectativa é unir forças para voltar mais forte em 2019, e principalmente, sem dívidas.
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— Nesta época, em outros anos, já tínhamos samba-enredo pronto. Mas não temos nada. Está um clima de muito baixo astral — explicou.
A presidente do bloco, Daniela Ribeiro Schreider, emitiu um comunicado público no site da entidade, em que detalha os motivos para esta parada após 25 anos de festa. A carta seguiu em tom de protesto:
“O sucateamento das políticas públicas brasileiras nos últimos dois anos, em especial no campo da cultura, assim como a crise econômica, que acabaram por reduzir drasticamente o apoio financeiro, tanto do poder público, quanto da inciativa privada, tornam inviável a realização do Carnaval do Bloco Baiacu de Alguém. Os custos da realização de um carnaval de grande porte, com características comunitárias, que preserve as raízes desta cultura e ofereça segurança, qualidade musical e artística para as “folias de momo”, são muito altas e a renda obtida de nossos eventos não garantem a sua manutenção, portanto, inviabilizam sua autossustentação, do ponto de vista financeiro”.
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O bloco vai concentrar suas atividades para a apresentação da Bateria Mirim, fruto do projeto Pescadores de Cultura, que desenvolverá oficinas de percussão que ocorrerão entre outubro deste ano e fevereiro de 2018, na Escola Paulo Fontes, que tem apoio na lei de incentivo à cultura da Fundação Franklin Cascaes, informou ainda a presidente na carta.
Mais apoio para Santo Antônio
O Baiacu de Alguém é um dos blocos — o principal, é verdade — que desfila no Carnaval de Santo Antônio, um dos mais procurados no Estado. A festa é organizada pelo Clube Avante. O presidente da entidade, Edenaldo Lisboa da Cunha, o Feijão, lamenta a paralisação para o próximo ano do Baiacu, mas diz que a festa já está sendo planejada.
— Nós estamos contatando uma atração nacional para participar do Carnaval 2018, que possivelmente deve desfilar junto a um dos trios elétricos. Mas ainda precisamos avaliar detalhes, porque tivemos muitos custos com o Carnaval deste ano. É preciso de mais apoio do poder público. Nosso Carnaval não tem fins lucrativos — disse Feijão.
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Segundo o organizador, a estrutura que a prefeitura oferece para festa, com banheiros químicos, grades e segurança, ainda não é suficiente.
— A prefeitura nos ofereceu 40 seguranças para cada dia de festa. Mas o Carnaval de Santo Antônio leva quase 60 mil pessoas para o local. Tivemos que incluir mais 60 seguranças para trabalhar. E isso foi um grande gasto — observou.