O argentino
Os leitores brasileiros aguardam avidamente a tradução e o lançamento de Los Diarios de Emilio Renzi. Años de Formación, do argentino Ricardo Piglia. Eleito o livro do ano de 2015 pelo El País, recebeu na semana passada o Prêmio Cidade de Barcelona. A obra é uma viagem à formação do próprio Piglia (seu nome completo é Ricardo Emilio Piglia Renzi), principalmente aos seus primeiros processos de leitura incessante e escritura, sempre com a máxima devoção. Não consegui conter a ansiedade e já providenciei o meu.
Continua depois da publicidade
Adaptações: principais indicados ao Oscar têm tramas oriundas de livros
Carlos Henrique Schroeder: de editor de livros a gestor de programação literária
Os argentinos
Continua depois da publicidade
Mas a festa argentina (principal polo literário latino-americano) continua, e por lá saem (sem previsão de lançamento por aqui) os petardos Saer, Puig, Walsh, Las Tres Vanguardias, do Ricardo Piglia; La Introducción, uma novela inédita de Rodolfo Fogwill (estava polindo quando morreu); Dark, o novo livro do escritor e cineasta Edgardo Cozarinsky; e também a aguardada La Uruguaya, do Pedro Mairal.
Catarinas
O blumenauense Godofredo de Oliveira Neto, que já há alguns anos mora no Rio de Janeiro (onde leciona na UFRJ), lança seu romance O Grito em março. O livro narra as alegrias e tristezas de uma atriz de teatro aposentada e sua amizade com um jovem de 19 anos (uma relação sobretudo pautada pelo universo goethiano). Já o lageano radicado em Curitiba Cristóvão Tezza sairá com A Máquina de Caminhar, que reunirá uma seleção de 64 crônicas suas e um ensaio sobre a crônica. E já no mês que vem, Dirce Waltrick do Amarante estreia no conto, com Ascensão, em edição especialíssima, limitada e artesanal. É provável que o aguardado Ossama do poeta Dennis Radünz saia neste ano, assim como o excelente Guia Literário para Machos do ceciliense Caléu Nilson Moraes.
Site oficial de Harry Potter anuncia novo livro da saga
No Brasil
A Rocco lançará em abril um dos livros mais aguardados de 2016 – a coletânea Todos os Contos reunirá as 85 narrativas breves que Clarice Lispector escreveu ao longo de sua vida. O volume foi organizado pelo celebrado biógrafo da autora, o norte-americano Benjamin Moser, um dos responsáveis pelo seu merecido sucesso internacional. Mas Sérgio Sant’Anna, Luiz Ruffato, Ana Maria Machado, André de Leones e José Luiz Passos também colocarão novos títulos na praça, para esquentar o mercado editorial nacional.
Traduções
A obra vencedora do último Man Brooker Prize, A Brief History of Seven Killings, do jamaicano Marlon James, sairá por aqui ainda no primeiro semestre. O romance se passa em 1976 e numa das vértices titubeia sobre um plano para assassinar Bob Marley. Teremos também A História de um Novo Nome, da sensacional e misteriosa autora italiana Elena Ferrante, assim como Fabian e o Caos, de Pedro Juan Gutiérrez, Crônica de Pássaro de Corda, do japonês Haruki Murakami, e Dois Anos, Oito Meses e 28 Noites, do Salman Rushdie. Mas já no começo de março será possível adquirir A Sinagoga dos Iconoclastas, clássico latino- americano do Rodolfo Wilcock. O livro nos apresenta uma singular galeria de retratos, vidas imaginárias de 36 personagens: teóricos, utopistas, sábios, inventores, todos eles abnegados heróis do absurdo. Toda a inventividade de Wilcock enfim encontrará o leitor brasileiro.
Continua depois da publicidade
“Além de gênio da música, David Bowie era um grande leitor”
Mais Valéry?
A obra do escritor e filósofo francês Paul Valéry entrou em domínio público neste ano de 2016, o que deve favorecer a publicação de mais livros seus aqui no Brasil. Mas nenhuma editora anunciou um “pacotão Valéry”, com um ou mais títulos, para minha completa desolação. Sou fã de Monsieur Teste, por exemplo, que tem uma edição bem fajutinha pela Ática. Além desse, entre os títulos publicados no Brasil, estão Alfabeto, Variedades, Poemas Apócrifos, Meu Fausto, Eupalinos ou O Arquiteto, Fragmentos do Narciso e Outros Poemas… Na torcida pela retomada de sua obra por aqui.