O ex-goleiro do Flamengo Bruno Fernandes começou a ser julgado na manhã desta segunda-feira pelo suposto assassinato de sua ex-amante, Eliza Samúdio, que está desaparecida desde junho de 2010. Outras quatro pessoas acusadas do crime também irão a júri popular que ocorre no Fórum de Contagem, município da região metropolitana de Belo Horizonte. A expectativa é de que o julgamento demore de 10 a 14 dias.
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Bruno chegou ao Fórum pouco minutos antes das 9h, escoltado por um comboio policial que o conduziu desde o presídio. Com ele estava outro acusado, Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão. Quatro quarteirões em torno do prédio do Fórum foram interditados e uma varredura foi feita na sala do júri antes do início do julgamento.
No julgamento, o promotor de Justiça Henry Wagner Vasconcelos de Castro e o advogado Rui Pimenta terão missões árduas diante dos jurados. De um lado o jovem representante do Ministério Público (MP) de 35 anos precisará provar que a modelo Eliza Samudio, 25 anos, desaparecida desde 4 de junho de 2010, está morta, e que foi assassinada a mando do ex-goleiro do Flamengo Bruno das Dores Fernandes de Souza, 27 anos.
No outro extremo, o tarimbado criminalista de 70 anos, defensor do atleta, tentará convencer a todos que o corpo de Eliza nunca apareceu porque ela está viva e, ainda, se estiver morta, o goleiro nada tem a ver com o crime.
No duelo de versões, o promotor desfia um rosário de argumentos que convenceram a Justiça a colocar no banco dos réus Bruno, a mulher, Dayanne Rodrigues do Carmo Souza, 25 anos, a ex-amante Fernanda Gomes de Castro, 35 anos, e os amigos Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, 27 anos, e Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, 49 anos.
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O grupo é acusado de homicídio triplamente qualificado, sequestro e cárcere privado. Conforme o promotor, há provas do envolvimento do grupo no assassinato de Eliza, corroboradas por depoimentos de dois primos de Bruno, que seriam cúmplices do crime. A questão conflitante é que nenhum dos dois participará do júri.
Um deles, Sérgio Rosa Sales, 24 anos, que respondia ao processo em liberdade, foi assassinado em 22 de agosto, em Belo Horizonte, alvejado por seis tiros de pistola. A polícia concluiu a investigação como crime passional, mas o promotor suspeita de algo relacionado ao caso Bruno.
O outro primo do goleiro, adolescente na data do crime e que cumpriu medida de internação, está fora de Minas Gerais, sobre abrigo de um programa de proteção a testemunha do governo federal. O rapaz foi ameaçado de morte, segundo a acusação, por alguém ligado aos réus. A juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues rejeitou o pedido do MP para interrogar o rapaz por meio de videoconferência.
O advogado Rui Pimenta também queria o testemunho do jovem porque ele teria voltado atrás em suas afirmações contra Bruno. Pimenta também se frustrou com a negativa da juíza em ouvir o padrasto de Bruno, que teria ajudado Eliza a deixar o país, e fortaleceria a tese de que ela poderia estar viva. Está previsto para o primeiro trimestre do ano o julgamento de outros dois implicados no caso, Elenilson Vitor da Silva, 28 anos, caseiro do sítio de Bruno, e Emerson Marques de Souza, o Coxinha, 25 anos, que teria ajudado a esconder o filho de Eliza.
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