Aliados da presidente Dilma Rousseff no Congresso criticaram neste domingo a mudança no discurso do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que passou a apoiar a criação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar a compra da refinaria de Pasadena pela Petrobrás.

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Em nota divulgada neste domingo, Fernando Henrique afirmou que o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), pré-candidato à Presidência da República, deve conduzir o tema em nome do PSDB, após a revelação de que a presidente Dilma Rousseff admitiu que desconhecia detalhes importantes do negócio, como uma cláusula que obrigava a estatal a comprar os 50% restantes da refinaria, se assim quisesse a sócia no empreendimento, a belga Astra. Antes, o ex-presidente defendia uma investigação técnica sobre o tema.

A base aliada trabalhará para abortar a tentativa da oposição de instalar a CPI às vésperas das eleições. Liderados por Aécio, os oposicionistas reúnem-se na tarde desta terça-feira, 25, para decidir trabalharão para criar a CPI. De acordo com os aliados de Dilma, os oposicionistas querem palanque com CPI.

Um dos vice-presidentes do PT, o deputado federal André Vargas (PR), afirmou que não há um fato novo para justificar uma investigação parlamentar. Segundo Vargas, FHC, que sempre teve uma “postura mais equilibrada”, agora faz “política”.

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– Tudo aquilo que ele não quis fazer, pressionado pelo Aécio Neves agora, está fazendo. A oposição está radicalizando o discurso porque não consegue emplacar seus candidatos – disse Vargas.

O líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), criticou a mudança de posição do ex-presidente. Conforme Braga, a oposição quer “politizar” e “partidarizar” a Petrobras. Ele disse que o Tribunal de Contas da União (TCU), a Controladoria-Geral da União (CGU), o Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal (PF) já investigam supostas denúncias de irregularidades envolvendo a estatal. Ele lembrou que as conclusões da CPI são encaminhadas para o próprio Ministério Público (MP).

– Se nós fizermos uma CPI a esta altura do campeonato, vamos encaminhar para quem? Que tipo de investigação querem fazer sobre a presidenta Dilma? Já querer confundir alhos com bugalhos, a população brasileira não vai aceitar isso – criticou.

A base de Dilma é maioria tanto na Câmara quanto no Senado. Para se criar uma CPI mista, desejo dos oposicionistas, é preciso conseguir o apoio de, pelo menos, 171 deputados e 27 senadores.

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