A fumaça que transformou o horizonte de São Francisco do Sul nesta quarta-feira após a explosão de uma carga de fertilizantes é a grande preocupação da população da cidade. Enquanto a Defesa Civil e afirmou que a queima não resulta em fumaça tóxica e que os problemas se limitam a irritação temporária das vias respiratórias, O Centro Toxicológico de Santa Catarina , assim como o químico Santiago Francisco Yunes da Universidade Federal de Santa Catarina, avalia que é preciso ficar atento pois os sintomas podem aparecer muito depois e incluir edema pulmonar.

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A Defesa Civil e Centro Toxicológico de Santa Catarina trabalham desde ontem à noite para evitar maiores estragos e reduzir o contato direto da população com a fumaça. O secretário da Defesa Civil de SC, Milton Hobus, garantiu que o gás não é tóxico.

– Não é um gás tóxico, é oxidante. De qualquer forma, as pessoas têm que evitar inalar essa fumaça, pois ela provoca irritação – alerta Hobus.

Os produtos envolvidos na explosão foram identificados com ajuda do Centro Toxicológico de SC a como sendo nitrato de amônio, difosfato de amônio e cloreto de potássio. De acordo Marlene Zannin, especialistas do Centro, que atua há 30 anos na área, os produtos não ficam alojados no corpo e não há risco de manifestação de nenhum sintoma em quem teve contato com a fumaça ou mesmo sentiu o cheiro dela de longe nos próximos dias.

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– As consequências às pessoas até agora foram casos de irritação das vias aéreas e não deve haver nada mais grave do que isto. A recomendação é para que não haja pânico – reforça as especialistas que também pede para evitar a curiosidade se manter distante para evitar a irritação.

Mas o químico Santiago Francisco Yunes avalia que os componentes químicos com base de Amônia podem sim ser tóxicos e gerar problemas mais sérios que apenas uma irritação.

– A inalação desses componentes exige observação médica prolongada, pois pode ocorrer edema pulmonar tardiamente, mesmo após o desaparecimento dos sintomas irritativos.

> Confira entrevista com Santiago Francisco Yunes

Yunes também observou que a cor marrom da fumaça indica a presença de óxido nitroso (NO2). Ele explica que a superexposição pode resultar em problemas até 72 horas depois. Segundo Yunes, concentrações altas de vapor podem causar dor, engasgamento, bronco-constrição, reflexo vagaroso do coração e a possibilidade de asfixia. A falta de oxigênio pode causar a morte. Por isso assim como a Defesa Civil solicita é preciso evitar o contato direto com a fumaça.

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Embora o Centro Toxicológico de SC tenha informado que não há nitrato de potássio, Yunes chama a atenção para esse componente que pode facilmente parar nos lençóis freáticos por ser solúvel na água. Uma vez dentro do organismo, a substância pode levar a anemia crônica.