Muito blá blá blá, políticos levando quase 10 minutos só para cumprimentar uns aos outros, e nenhuma novidade. Esse é o resumo da audiência pública sobre a novela Hospital Regional de Biguaçu realizada no próprio hospital na noite desta terça-feira. Vereadores, o prefeito Ramon Wolinger, o secretário de Estado de Saúde, João Paulo Kleinubing, deputados e representantes de entidades participaram da reunião. Da população mesmo, foi pouca gente, e tiveram que ficar do lado de fora, no frio, em uma tenda montada para a ocasião. No fim das contas, a culpa de a casa de saúde não abrir logo as portas ficou para o Ministério da Saúde, que não mandou representante ao evento.
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Cinco anos após início das obras, Hospital de Biguaçu está pronto mas não tem data para inauguração
Após a fala de todos que compunham a mesa, o secretário Kleinubing, que foi praticamente sabatinado pelos vereadores, explicou que da parte do governo do Estado o repasse mensal de 50% dos recursos necessários para a manutenção mensal -cerca de R$ 1,3 milhão – está garantido. Mas só vai repassar a verba depois que o Ministério da Saúde (MS) assinar a portaria que autoriza a outra metade. Ele explicou que, desde janeiro, o MS não aprovou nenhuma portaria de habilitação de novos serviços.
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Diante disso, a presidente da Câmara dos Vereadores de Biguaçu, Salete Cardoso, que propôs a audiência, questionou o motivo de não abrir as portas, mesmo com menos serviços, com o dinheiro que é possível:
– Não podemos ficar esperando pelo Ministério da Saúde. Temos cidadãos de Biguaçu indo para Canelinha fazer cirurgias eletivas, enquanto este hospital já está pronto. Entre 50% e nada, prefiro ficar com os 50% – falou Salete.
Para Kleinubing, é complicado funcionar só pela metade:
– Acho muito difícil abrir só com metade do recurso, pois não é possível abrir só metade do mês ou negar atendimento quando chega algum paciente, e existem custos que são por inteiro, como o de pessoal. Não é como construir uma rua, que podemos fazer a metade e depois terminar quando chegar outra parte do recurso – explicou.
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Prefeito diz que município não tem como arcar com os custos
Apesar de reafirmar que o Hospital de Biguaçu pertence à cidade, o prefeito Ramon Wolinger afirmou que o município tem responsabilidade somente com a saúde básica e que, desde a concepção do hospital, foi pensado na manutenção em parceria com o governo do Estado:
– Já gastamos R$ 700 mil por mês com a UPA de Biguaçu. Não temos como arcar com isso. Tudo que estava ao nosso alcance foi feito, estive em Brasília e falei dessa situação. O hospital está apto para funcionar – argumentou.
População saiu desanimada
No final da audiência, a população saiu do mesmo jeito que chegou: sem esperanças.
– Marcaram a audiência às cinco da tarde, um horário que já foi ruim, pra quem trabalha fica difícil. Só tem político, que falaram muito mas não resolveram nada. Continuo sem saber quando o hospital vai abrir e acho que ainda vai longe isso – disse o professor Murilo Azevedo.
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O vice-presidente da CDL de Biguaçu, Leonardo Ramos, teve a mesma impressão:
– Não teve definição nenhuma. As coisas só acontecem mesmo em época de eleição, então como ano que vem vai ter até lá começam a fazer alguma coisa. Botaram a culpa no governo federal, mas não tinha ninguém aqui para se defender e explicar se é isso mesmo – disse Leonardo.
Para a aposentada Julieta Schimdt, não adianta abrir só com metade dos recursos garantidos.
– Na minha opinião, abrir pela metade não adianta. Pelo jeito que foi aqui, ainda vai demorar para se resolver essa situação – lamentou.
Por meio de nota, o Ministério da Saúde informou que a solicitação de recurso para custeio mensal do Hospital Regional Biguaçu, em Santa Catarina encontra-se em análise na pasta, seguindo o trâmite normal, e não há prazo.
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