O silêncio do corredor amplo e vazio é quebrado pela voz do administrador Valmor Busnello. O diretor do Hospital Regional de Biguaçu abriu as portas da unidade para explicar porque a população da Grande Florianópolis só vai poder ser atendida ali depois de abril, mês que marca os 5 anos do anúncio da obra de R$ 24 milhões.

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– Sendo otimista, em junho a gente vai estar pronto para funcionar, mas depende – disse.

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A estrutura está pronta para receber equipamentos, funcionários e pacientes, mas a burocracia e a lentidão atrapalham. Para se ter uma ideia, a empresa vencedora da licitação para administrar o hospital saiu em setembro mas somente _ cinco meses _ a prefeitura de Biguaçu enviou o contrato a São Paulo, onde os padres da Beneficência Camiliana do Sul vão assinar e assumir a concessão pelos próximos 30 anos.

Sala de raio-x já possui equipamentos. Crédito da foto: Charles Guerra/Agencia RBS

Empurra para frente

Depois do município adiar por três vezes a inauguração desde novembro do ano passado, o prefeito Ramon Wollinger se esquivou de falar em prazo.

– Não vou mais arriscar data. O convênio com a entidade está pronto. Depois que os padres assinarem a gente publica no diário oficial e encaminha para o Ministério da Saúde, que vai assinar a portaria – disse.

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Essa Portaria garante repasse mensal de R$ 1,6 milhão para manutenção da unidade _ outra parte de igual valor viria do governo do Estado, verba que estaria garantida.

– Se o recurso for liberado em março, vamos supor, o dinheiro cairia em abril e aí poderíamos contratar os funcionários, treiná-los por 45 dias e aí sim começar a atender a população – esclareceu Valmor.

Os empregados da unidade foram selecionados em processo seletivo aberto em novembro e, assim como a população, aguardam para poderem ocupar e usar o hospital.

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Diretor caminha pelas dependências do Hospital Biguaçu. Crédito das fotos: Charles Guerra

“Chega a dar um pouco de medo”, diz diretor do novo hospital

Enquanto a caneta não corre no papel, os equipamentos já estão chegando na unidade. Logo na entrada é possível notar caixas de impressoras e outros eletrônicos. A sala de raio-x já está semi-aparelhada e muito mais deve chegar ao longo do mês de fevereiro, como macas, camas, roupa de cama, banho e o que couber na verba de R$ 4,9 milhões depositada pelo Ministério da Saúde na última terça-feira _ o recurso havia sido prometido pela presidente Dilma Rousseff em passagem pela Grande Florianópolis em junho de 2014.

Outro pacote, no valor de R$ 2,2 milhões, virá do governo do Estado em convênio direto com a Beneficência Cameliana do Sul. Sobre o desafio de administrar a unidade, Valmor Busnello, que tem mais de 15 anos de experiência em hospitais de Videira e São Miguel do Oeste, disse estar preparado.

– Aqui é uma realidade diferente do Oeste, onde não se vê situação de maca no corredor e demanda excessiva. Chega a dar um pouco de medo, mas estamos preparados – disse o diretor, que perdeu as contas de quantas vezes já veio à região desde o lançamento do edital, na metade do ano passado.

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UTI, talvez em 2016

O espaço reservado para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), com capacidade para 20 leitos, deve receber adequações antes mesmo de começarem os trabalhos no Hospital Regional de Biguaçu. Depois que a obra foi entregue, a Vigilância Sanitária do Estado pediu mudanças no local, o que deve resultar em quebra das paredes. A informação foi dada pelo diretor Valmor Busnello.

– Vai demorar um pouco a funcionar, mas com a proximidade de outros hospitais isto não será problema – disse.

Incompatibilidade com as normas da Anvisa foi o motivo de um embargo de 2011 sobre a obra, que estava praticamente construída. Os custos adicionais para adequaçãom na épocam geraram conflito judicial entre a prefeitura e a responsável pela construção, a Organização Mundial da Família (OMF), com sede em Curitiba.

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Briga judicial

Com 110 leitos (sendo 20 de UTI), o Regional de Biguaçu terá capacidade de 8 mil pacientes/mês nas especialidades de pediatria, obstetrícia, clínica geral, incluindo cirurgias e atendimento na emergência.

Segundo Valmor, a Beneficência Camiliana do Sul vai disponibilizar 70% dos leitos para paciente do Sistema Único de Saúde (SUS) e 30% para particular, atendendo de portas fechadas. Ou seja, somente casos encaminhados por outras unidades de saúde ou ambulância.