Os prejuízos causados pelo atraso na duplicação da BR-101 ao Sul catarinense foi tema de debate ontem no 1o Seminário Nacional de Mobilidade Urbana – Mobilidade para Todos, organizado pelo Centro de Estudos e Debates Estratégicos da Câmara dos Deputados, em Criciúma. De acordo com estudo da Unisul de Tubarão, em 2012 os entraves na conclusão da obra causaram prejuízos de R$ 32,7 bilhões.
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Encomendado pela Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), o levantamento reúne informações sobre como a demora na duplicação do trecho sul dificultou o desenvolvimento da região. De acordo com o pesquisador da Unisul Valter Schmitz, quase dois anos depois da conclusão da análise, outros pontos acentuaram os problemas econômicos.
Para Schmitz, um deles foi o atraso nas obras do Aeroporto de Jaguaruna – que finalizado no ano passado só teve a liberação para pousos e decolagens anunciada no início deste mês – e da Ferrovia Litorânea – prevista para ligar os portos catarinense de norte a sul de Santa Catarina. Ele acrescenta ainda a demora na definição na administração do Porto de Imbituba – assumida pelo governo do Estado em 2012.
O cálculo dos prejuízos feito há dois anos foi possível devido a uma comparação com o Norte do Estado, que teve a duplicação do trecho da BR-101 iniciada em 1993 e dada como concluída em 2002.
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– O resultado surpreendeu pelo volume expressivo de recursos que o Sul deixou de gerar neste período em função do atraso das obras. Como o estudo mostra, os investimentos na área de transporte afetam toda a Economia e a região Sul ficou para trás. Não se esperava algo nessa magnitude – diz o presidente da Fiesc, Glauco José Côrte.
Côrte lembra que entre as medidas apontadas para compensar em parte a região, apenas uma delas foi colocada em prática – o início da conclusão da rodovia BR-285, trecho de 22 quilômetros que liga São Borja (RS) a Araranguá, no extremo Sul.
Histórico da obra
As principais datas da duplicação da BR-101, segundo o estudo da Unisul
1993 – Início das obras de duplicação trecho norte
1995 – Começa a se falar nas obras de duplicação no trecho sul
2002 – Anunciada a licitação das obras de duplicação trecho sul
2002/2003 – Conclusão do trecho norte
2005 – Início das obras da duplicação no sul. Obra orçada em U$S 800 milhões
2009 – Previsão contratual de conclusão das obras trecho sul
2012 – U$S 799 milhões investidos
2017 – Estimativa de conclusão completa das obras. Mais investimentos de U$S 534 milhões
Entrevista
Valter Schmitz, pesquisador da Unisul de Tubarão, afirma que o estudo identificou a variação do PIB e o quanto a região perdeu comparado com o trecho norte.
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Diário Catarinense – Como foi elaborado o estudo?
Valter Schmitz – Utilizamos como parâmetro o Norte de SC, porque já estava desde 2003 com as obras de duplicação entendidas como concluídas. Pesquisamos e identificamos quanto variou o PIB, os índices de evolução de lá e comparamos com o ritmo de evolução aqui do Sul. Nós estimamos a influência do PIB na economia e chegamos ao prejuízo de R$ 32,7 bilhões.
DC – O estudo é de 2012. Que novo aspecto foi levantado agora?
Schmitz – O mais adequado é fazermos uma apresentação do estudo por conta da dimensão do que o atraso representa e comentar os impactos que ele causa nas vidas das pessoas. A obra ajuda se concluída e atrapalha enquanto estiver parcialmente concluída para que as pessoas possam se mobilizar, gerar negócios.
DC – Como o atraso na duplicação atrapalha na prática?
Schmitz – Retarda o crescimento da carreira (de quem tem que percorrer o trecho), gera um desestímulo psicológico, deixa de ter oportunidades.
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