Os credores da Busscar, entre eles representantes de bancos, trabalhadores, fornecedores e sócios, decidem nesta terça-feira, em assembleia no Centreventos Cau Hausen, o destino da empresa, que está de portas fechadas desde setembro de 2012. Se o plano de recuperação for aprovado, ele será entregue ao gestor da companhia, Agenor Daufenbach, para executá-lo. Se for reprovado, caberá ao juiz da 5ª Vara Cível, Rogerio Manke, decidir pela falência da ex-fabricante de ônibus.
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A companhia chegou a ter a falência decretada, mas conseguiu reverter a decisão no Tribunal de Justiça de Santa Catarina no final do ano passado. Hoje, está em processo de recuperação judicial.
De acordo com o administrador judicial da Busscar, Rainoldo Uessler, o credenciamento dos votantes (somente aqueles que estiveram na primeira assembleia, anulada pela Justiça, e que não possuem mais o crachá) começará às 8 horas e se estenderá por toda a manhã. Se todos comparecerem, o número de pessoas pode chegar a 6 mil, mas Uessler reconhece que dificilmente isso vai acontecer.
A partir das 14 horas, a assembleia terá início com as manifestações da Busscar. Em seguida, será a vez dos credores. Como existe a expectativa de discussão de propostas alternativas ao plano, a assembleia deve se estender por toda a tarde. O plano tem que será aprovado nas três categorias de credores: trabalhistas, garantia real e quirografários.
A dívida da Busscar soma R$ 1,6 bilhão. Para saldá-la, a empresa aposta em seis pontos, detalhados no plano que irá à votação: a reestruturação operacional; o pagamento aos credores em condições especiais; a reorganização da governança corporativa; a venda da fábrica de soluções em plástico Tecnofibras, única do grupo em funcionamento, e outros ativos não operacionais; a emissão de ações; e a contratação de novos financiamentos.
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Como a empresa pretende pagar as dívidas
Credores trabalhistas
Até R$ 5,5 mil
O valor será pago em parcela única, com seis meses de carência. O pagamento ocorre no sétimo mês após a homologação do plano.
Mais de R$ 5,5 mil
Serão pagos R$ 5,5 mil mais 4% do restante do valor da dívida em parcela única no sétimo mês após a aprovação do plano. O saldo final será quitado com a aquisição de ações da Busscar no 12º mês e que poderão ser vendidas a partir do 24º mês. A conclusão do pagamento das ações aconteceria no 85º mês, segundo cálculos do Sindicato dos Mecânicos de Joinville.
Credores com garantia real (em bens móveis e imóveis)
Não terão descontos e receberão da seguinte forma: 20% do valor do crédito serão pagos após 36 meses de carência, parcelados em 60 vezes. Outros 50% dos créditos começarão a ser quitados após 96 meses da homologação do plano, em 48 parcelas. Os 30% restantes serão pagos em cota única, com 144 meses de carência. No final de semana, a empresa propôs ao Banco Santander receber R$ 20 milhões à vista e o restante da dívida de R$ 80 milhões parcelado em 15 anos.
Credores quirografários
Receberão 20% do valor da dívida depois de 48 meses de carência, em 72 parcelas. Outros 50% dos créditos serão pagos em 120 meses após a aprovação do plano em 60 prestações. O restante de 30% será pago em 179 meses depois da aprovação do plano, em uma parcela. Aos ex-sócios Randolfo Raiter e Valdir Nielson, detentores de 52% dos créditos da categoria, a Busscar propõe trocar o valor da dívida por 30% de ações.
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Em caso de falência
Bens vão a leilão para pagar os credores nesta ordem de prioridade:
1 – Extraconcursais (referem-se a dívidas que surgem após o processo de falência, como o pagamento ao administrador judicial e àqueles que estavam trabalhando até a data do fechamento da empresa).
2 – Dívidas trabalhistas (até o valor de 150 salários mínimos).
3 – Garantia real (credores que têm a garantia de um bem, móvel ou imóvel).
4 – Fisco.
5 – Quirografários (credores que não têm bens como garantia, como fornecedores).