Diante do baixo número de trabalhadores presentes e da ausência do representante dos ex-sócios da Busscar, Randolfo Raiter e Valdir Nielson, foi adiada para a próxima terça-feira a assembleia da Busscar que deve eleger o gestor judicial da companhia.
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A expectativa era de que 2 mil credores da empresa fossem votar na tarde desta quinta no Centreventos Cau Hansen, em Joinville, mas o volume de participantes foi menor.
:: Conheça os quatro nomes que disputam o cargo de gestor judicial ::
Passado das 15h30, o administrador judicial Rainoldo Uessler anunciou à plateia o adiamento da votação. Para que eleição ocorresse nesta quinta, era necessário contar com a presença de 50% dos credores de cada categoria, mas este número não foi atingido no grupo de trabalhadores e de quirografários.
Ao encerrar a assembleia, o placar eletrônico apontava a presença de 18,17% do total de créditos trabalhistas, 26,09% dos créditos quirografários e 95,73% dos créditos de garantia real.
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Na próxima terça, a assembleia ocorrerá independentemente do número de credores ou do total de créditos presentes. Conforme explica Rainoldo Uessler, o cronograma será igual ao desta quinta, com o credenciamento começando às 8h e as deliberações, às 15h.
– O que mais demora para fazer é o credenciamento. Como a tendência é de que o número de credores presentes seja ainda menor, a votação deve ser definida em meia hora, mais ou menos – afirma.
Caso haja empate entre os candidatos ou se um deles não alcançar a maioria dos votos – considerando o volume de créditos, e não o número de votantes – o segundo turno será feito entre os dois nomes mais votados, logo após o resultado da primeira votação.
Para o presidente do Sindicato dos Mecânicos, Evangelista dos Santos, o baixo número de trabalhadores presentes nesta quinta seria um reflexo do desânimo dos ex-funcionários diante do imbróglio que se tornou o caso.
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– É muito complicado para o trabalhador perder um dia de trabalho, se deslocar até o Centreventos para não ter a assembleia. E, depois de tantas reviravoltas, eles não se sentem mais empenhados em serem atuantes. Estamos alertando a eles que é importante comparecer na terça-feira e vir votar – diz.
BNDES sem indicação
Presentes na assembleia, três representantes do BNDES preferiram fazer mistério quanto ao voto de um dos principais credores da Busscar – o banco tem aproximadamente R$ 60 milhões a receber da companhia. Eles negam, também, que a instituição tenha indicado um dos quatro candidatos a gestor.
– Estamos acompanhando o processo porque o que o BNDES quer, na verdade, é que a empresa volte às suas atividades. Mas, para isto, é preciso que haja um plano de recuperação judicial consistente. Como ainda não há um plano, não temos condições de avaliar o que vai ser da Busscar – diz Marcelo Rangel, advogado do banco.
Rangel comentou ainda a última manifestação do BNDES sobre o processo, usada pelo juiz Marco Augusto Ghisi Machado para embasar a recusa do pedido de destituição de Rainoldo, feito pelos diretores afastados da Busscar no início do mês.
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– Nossa crítica é com relação à demora para que se resolvam as coisas. É impossível acreditar que a Busscar está há dois anos em recuperação judicial e que não há sequer um plano para que os credores possam avaliar se há condições de a empresa se reerguer.
Desabafo e esperança entre os trabalhadores
Entre os trabalhadores, houve vaias e reclamações após o anúncio do adiamento da assembleia. Para o ex-funcionário Daniel Rech, que trabalhou durante 23 anos da Busscar, seu descontentamento veio em forma de uma carta à empresa, em que pedia mais “ética, dignidade e respeito”.
– A gente vai ter que esperar até quando para ter o nosso dinheiro? – indaga?
Já para a ex-funcionária Milena de Aguiar Corrêa Bartel, a nova assembleia é um sinal de esperança em ver, um dia, novos ônibus saindo da fábrica da Busscar.
– Eu quero muito ver a Busscar forte de novo. Precisamos votar e torço para que logo tudo se resolva – diz.
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