Um joinvilense, dois consultores de São Paulo e um de Criciúma estão na briga pela indicação dos credores da Busscar na assembleia marcada para a próxima quinta-feira, no Centreventos Cau Hansen, que decidirá quem será o gestor judicial da companhia.

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Em seus currículos, os quatro destacam suas competências e pontos fortes para serem os escolhidos. Dentre eles, o que mais conhece o histórico da empresa é Paulo Zimath, diretor-geral da Tecnofibras.

Inscrito com indicações das montadoras Mercedes-Benz, John Deere e Volkswagen, ele diz contar com petições de apoio de quase 30 credores – tanto trabalhistas quanto quirografários e garantia real – e dos sindicatos laboral e patronal do setor de plásticos.

– Acabei decidindo em cima da hora, mas estou bastante otimista. Eu acredito na possibilidade de reerguer a Busscar – diz Zimath.

Nos bastidores, comenta-se que a indicação de Zimath esteja ligada aos diretores afastados da companhia, Claudio e Fabio Nielson – o que ele nega com veemência. Seu nome também encontraria resistência entre alguns credores por ter uma trajetória junto ao grupo.

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Outro candidato é Agenor Daufenbach Junior, da Gladius Consultoria e Gestão Empresarial, de Criciúma. Alegando não ter sido indicado por nenhum credor, ele conta com sua experiência em recuperações judiciais de empresas no Sul do Estado e com o fato de acompanhar o processo desde o início.

– Estive nas assembleias anteriores da companhia. Sei que é complexo, mas também sei que uma empresa ativa tem mais valia do que uma parada – explica.

Consultor em São Paulo, Luiz Meirelles também é candidato sem indicações de credores. Sem citar nomes por “uma questão de estratégia”, ele garante que tem apoiadores ao seu projeto.

O quarto candidato, Obregon Soares, também de São Paulo, foi procurado pela reportagem, mas não deu retorno. A incógnita a respeito das candidaturas de Daufenbach, Meirelles e Soares gira em torno da possibilidade de algum deles ser apoiado por Randolfo Raiter e Valdir Nielson, ex-sócios da empresa, que possuem R$ 304 milhões a receber da empresa, ou dos principais bancos credores da Busscar, BNDES e Santander – a Busscar deve aos dois, somados, aproximadamente R$ 100 milhões.

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Ex-sócios podem definir nome

A votação para a escola do gestor judicial será decidida considerando o volume de crédito que cada credor tem a receber. Na prática, vence aquele que conquistar os votos com a maior soma dos créditos – e não aquele que tiver apenas mais votos. Com isso, as chances de os ex-sócios da Busscar, representados por seus advogados, decidirem quem será o gestor judicial são consideráveis, conforme explica o administrador judicial Rainoldo Uessler.

Rainoldo lembra que, na quinta-feira, a eleição só ocorrerá se houver quórum suficiente para a votação. Caso contrário, uma nova assembleia ocorre no dia 10, também no Centreventos, com votação ocorrendo independentemente do número de credores presentes.

O advogado Dilvo Glustak, de Curitiba, representante dos ex-acionistas Rainoldo Raiter e Valdir Nielson, diz que vai definir na quarta-feira a opção do nome que vai apoiar para gestor do grupo em recuperação judicial. Explica que um nome local, do Estado de Santa Catarina, pode ser viável. E dá a pista: a pré-condição é ter conhecimento e experiência em arbitrar conflitos de interesses tão diversos, como há na situação em que se encontra a Busscar.

– Estamos abertos a ouvir todas as propostas. As negociações continuam.

Sindicato reúne trabalhadores neste domingo

O Sindicato dos Mecânicos faz, neste domingo, a partir das 9 horas, em sua sede recreativa, uma reunião com ex-trabalhadores da Busscar para falar sobre a assembleia. Segundo o presidente da entidade, Evangelista dos Santos, a intenção é tentar chegar a um consenso quanto à indicação do nome para o cargo de gestor judicial.

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– Nós não vamos orientar o voto, mas achamos que o indicado do sindicato (dos mecânicos) tem que ser o indicado dos trabalhadores. É uma escolha complicada, e é muito importante que os trabalhadores participem tanto da reunião quanto da assembleia na quinta-feira – diz Evangelista.

Quem são os concorrentes

Agenor Daufenbach Júnior

Quem é: formado em administração e direito, atua na Gladius Consultoria e Gestão Empresarial, de Criciúma. Especializado em recuperações judiciais, atua, principalmente, em casos da região Sul do Estado. Entre eles, as recuperações judiciais da Coposul, de Içara; da Carbonífera Catarinense, de Lauro Müller; e das falências da De Lucca Revestimentos Cerâmicos, de Criciúma; e da Indústria Cerâmica Imbituba.

Luiz Meirelles

Quem é: sócio-diretor da Santa Maria Assessoria e Consultoria, de São Paulo, atua com foco em gestão empresarial no chamado turnaround de negócios. É formado em ciências econômicas pela Fundação Educacional Dom André Arcoverde (FAA), e tem MBA em engenharia econômica e financeira pela Universidade Federal Fluminense (UFF), além de um MBA executivo pela Fundação Dom Cabral.

Obregon Soares

Quem é: sócio-diretor da CBFM – Brasil Fomento, de São Paulo, tem mais de dez anos de experiência na área de consultoria e assessoria empresarial. Também é diretor de auditoria da Fernando Motta e Associados – Auditores Independentes e teve passagens pelos bancos Sofisa e Progresso.

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Paulo Zimath

Quem é: diretor-geral da Tecnofibras, está na empresa há sete anos. Foi contratado na época como responsável pela reestruturação do negócio, integrante do Grupo Busscar.

Hoje, a Tecnofibras é a única das empresas ainda em funcionamento. Teve também passagens pela Wetzel e Docol. É formado em engenharia

mecânica pela Unisinos e pós-graduado em engenharia de produção e marketing.