“Impossível esquecer! Devastador, desespero, doído e difícil falar de você no passado”. As frases são da família de Diogo Cuiabano de Medeiros, 26 anos, o universitário assassinado brutalmente dentro da casa noturna Fields, em Florianópolis.

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No dia em que o crime completou seis meses, neste domingo (27), familiares publicaram um texto no DC (página 33) em tom de homenagem, onde expressam a dor pelo tempo sem a vítima, a indignação com o autor do homicídio e a banalização da violência.

“Gente interrompendo GENTE… um covarde metido a valente. Obscurecendo a vida não por acidente… Ordem natural desrespeitada, banalizada violentamente”, lamentam num dos trechos.

A família também cita ao final a música Diogo, composta após a morte do estudante pelo grupo Tempestade Futura, de Florianópolis.

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Seis meses depois, ainda não há data para o júri popular do autor confesso do assassinato, Leonardo dos Passos Pereira, 21 anos, que continua preso.

Autor do crime, Leonardo dos Passos Pereira, continua preso.

No próximo dia 6 de outubro, a 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Santa Catarina vai julgar um recurso da defesa do réu sobre a sentença de pronúncia, em que o juiz da Vara do Júri Paulo Marcos de Farias determinou que ele seja submetido ao júri popular.

O magistrado decidiu que Leonardo deve ser julgado por homicídio duplamente qualificado e pode pegar até 30 anos de prisão.

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A expectativa do Ministério Público era de que o julgamento acontecesse até outubro caso não houvesse recurso. Agora, o promotor Wilson Paulo Mendonça Neto espera que, se for mantida a decisão, o julgamento saia ainda este ano.

Polícia e IGP fizeram reconstituição do crime, em abril.

Paralelamente, a defesa também tentou, sem sucesso, a revogação da prisão preventiva de Leonardo no Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília. Alegou que não existiu nenhum fato concreto que justifique a prisão, tais como se evadir do distrito da culpa, ameaçar testemunhas ou não comparecer na delegacia policial quando intimado.

O texto publicado pela família:

“FLORIANÓPOLIS:

IMPOSSÍVEL ESQUECER!

DIOGO CUIABANO DE MEDEIROS SEIS MESES SEM VOCÊ!

Devastador

Inacreditável notícia que ecoa…

O filho, o neto, o sobrinho, o irmão, o primo, o amigo agora voa.

Gente interrompendo GENTE… um covarde metido a valente

Obscurecendo a vida não por acidente… Ordem natural desrespeitada, banalizada violentamente.

Decidiste recuar… E aquele dia… Também nos tiraria o ar

Ignorou o perigo à tua espreita, inteiro na tua essência de não violência.

Ombro com ombro, um sorriso, desculpas… Truculência

Golpe brutal a te ceifar… e a nós com a tua ausência

Oh querido… Teu silêncio, um pesadelo…

Desespero…

Idade sem ponteiros verdadeiramente…

Odisseia com páginas em branco daqui para frente

Golpe cruel a cortar tua história torpemente

Obstruindo seu movimento de paz e tudo o que você nos traz

Doído e difícil falar de você no passado

Imaginar seu futuro no dos seus jovens amigos

Olhar aprisionado em álbuns de fotografia

Garimpo guloso da sua breve biografia.

Oportunidade única de ter você

Desnuda e muda na porta dos meus cinquenta

Imersa na profundeza dessa perda cinzenta

Observo a vida a partir da ida

Grito calada sua despedida

Oscilo entre a minha vida sacudida e a tua contida

Deito… Não sonho! Peito apertado, dinamitado

Imploro por recado, coitado!

Ondas de emergências, necessidades, interrogações… Mergulhos que dão nó

Garganta cravada como a tua

O adeus que nos tatua …

Desencavo memórias… Encho-as com vida

Intensa experiência de integrar vida à perda / perda à vida,

Opção restante para a existência invadida

Gestalt que vem em câmera lenta

Ouro a desbravar de forma atenta

Dimensão maior… Luz tão bonita

Ilumina o lugar onde estás

Onde de outra forma você ascende

Garoto anjo a nos guiar

Orvalho a nos abençoar

E-mail da família: diogopelapaz@gmail.com

Assistam Tempestade Futura

Diogo: www.youtube.com/watch?v=OMg5o2X8T14″

O assassinato

O crime foi às 4h30min da madrugada do dia 28 de março deste ano na saída do banheiro da Fields, no Centro. Leonardo matou a vítima com um golpe no pescoço utilizando um copo de vidro em razão de um esbarrão entre os dois.

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O juiz seguiu na íntegra a denúncia criminal oferecida pelo promotor Wilson Paulo Mendonça Neto de homicídio duplamente qualificado por motivo fútil e diante de recurso que tornou impossível a defesa da vítima.

Esbarrão proposital

Uma testemunha disse que o acusado esbarrou propositadamente contra a vítima no banheiro, sendo que essa chegou a se desculpar para evitar confusão, mas ainda assim Leonardo desferiu um tapa na garrafa que estava na mão de Diogo. Consta ainda que o acusado foi atrás da vítima e efetuou o golpe com um copo enquanto Diogo estava de costas.

O autor do crime foi contido por seguranças quando tentava fugir do local e preso em flagrante.

Leonardo alegou legítima defesa, que não tinha intenção de matar e que não conhecia a vítima. Admitiu que estava levemente embriagado, que esbarrou despropositadamente, tendo a vítima esboçado reação negativa e como ela (vítima) portava algum objeto acabou a acertando por reflexo com um copo que quebrou em sua mão.

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Na noite do crime, Leonardo aparece em um vídeo gravado por ele em na casa noturna em que afirma que ia dar uma porrada no segurança.

Universitário do Rio de Janeiro

A vítima era natural do Rio de Janeiro. Em 2013, foi aprovada para o vestibular de Engenharia Eletrônica na UFSC e morava em Florianópolis. O corpo do jovem foi enterrado no Rio de Janeiro (RJ).