Pedra cantada, a primeira condenação do ex-presidente Lula impacta no cenário de 2018. Falta saber a dimensão que terá a decisão do juiz Sergio Moro na imagem do petista, com reflexo nos rumos da corrida ao Planalto. Passível de recurso, a condenação a noves anos e meio de prisão no caso do triplex vai tirar o petista da liderança das pesquisas? Ele será candidato à Presidência? Concorrendo, o país elegerá um presidente condenado em primeira instância por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, fato inédito desde a Constituição de 1988? Para parlamentares petistas, Lula só não tenta o terceiro mandato se a posição de Moro for chancelada pelo TRF4 até meados do próximo ano, tornando-o ficha-suja. Do contrário, ele concorrerá, mesmo que condenado em outras ações como a do sítio de Atibaia (SP). O PT não dispõe de plano B. Caso Lula fique inelegível, pode ser cabo eleitoral. O impacto inicial da sentença de Moro começará a ser aferido nas próximas pesquisas. A presença ou não de Lula na eleição influenciará alianças e candidaturas. O PSDB fale em lançar João Doria para enfrentar o petista, enquanto Geraldo Alckmin encararia outro adversário. Com discurso de paladino, o ultraconservador Jair Bolsonaro (PSC-RJ) se anima ainda mais. O PT trabalha pela redução de danos. Tem reação pronta, na tentativa de mobilizar a base nas ruas e vender seu líder como “vítima”. Com Michel Temer e Aécio Neves denunciados, fica mais difícil emplacar a tese de “perseguição” da Lava-Jato. Por outro lado, com tanta gente enrolada, talvez os problemas do petista se dissipem perante os eleitores. O país conviverá até o próximo ano com todas as variáveis da situação de Lula. A estabilidade não aparece no horizonte.
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TIMING
Petistas questionaram o timing da sentença de Sergio Moro, proferida às vésperas da análise na Câmara da denúncia contra o presidente Michel Temer. Nos bastidores, a oposição já admite que o peemedebista tem força para engavetar a acusação. Coincidência ou não, o Judiciário tem sido camarada com Temer. Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) trocou o xilindró por tornozeleira eletrônica e Aécio Neves (PSDB-MG) retornou ao mandato. Ontem, Geddel Vieira Lima também foi mandado para casa com um enfeite no tornozelo.
Colaborou Silvana Pires
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