O morro coberto de pasto e árvores, nos fundos da casa de Nilton Butzke, por vários meses trazia a lembrança da agressividade da fumaça tóxica em São Francisco do Sul. Assim que o incêndio químico foi controlado, árvores ficaram queimadas, sem folhas, e o gramado morreu. Butzke é vizinho da Global Logística e viu toda a movimentação da janela de casa.

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A família dele foi uma das primeiras a ser retirada do local, que foi completamente isolado por ser um dos mais próximos do núcleo da reação química na carga de fertilizante.

>> Confira a página especial sobre a reação química em São Francisco

>> Antes e depois de locais atingidos pela reação química

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– O susto foi muito grande, não sabíamos se voltaríamos para casa. As plantas ficaram queimadas por seis meses. Foi difícil – relembra Butzke.

Hoje, o sítio onde ele mora com a mãe e o irmão está cada vez mais cercado por áreas destinadas a depósitos, armazéns, e contêineres. Butzke sabe que o crescimento das cargas no Porto de São Francisco tende a avançar cada vez mais para perto da população. Por isso, sempre fala da segurança com o olhar de quem viu de perto o risco.

– É preciso haver mais fiscalização, principalmente sobre as cargas que estão chegando.

282 pessoas atendidas

Segundo a enfermeira Isonir Fernandes, da Vigilância Epidemiológica de São Francisco do Sul, 282 pessoas foram atendidas nos dias em que a fumaça tóxica se fez presente em São Francisco. Mais de cem pessoas foram internadas no Hospital e Maternidade Nossa Senhora das Graças, e pelo menos 20 precisaram ser transferidas para Joinville.

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Até esta semana, o bombeiro Davi Marcelino foi o único que apresentou problemas.

– Foi mais um grande susto. O medo do desconhecido. Agora, a vida segue – diz Isonir.

Para o médico Antônio Andrade, os problemas de saúde causados pela fumaça foram reduzidos e, provavelmente, ninguém sofrerá qualquer alteração por causa da fumaça. Oficial do Exército, Andrade foi um dos primeiros a chegar à área de isolamento da reação química, em São Francisco do Sul, na manhã da quinta-feira.

Ele lembra de idosos, crianças, moradores e bombeiros buscando ajuda médica com tosse, olhos irritados e diferentes graus de intoxicação. Ele perdeu a conta de quantos atendimentos fez durante o dia.

– Foi um dia difícil, de muita desinformação. O bom é que não houve nenhuma complicação, a não ser a do bombeiro.

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Confira o cronograma da série de reportagens:

20 e 21/9 – Sábado e domingo

Apresentação e imagens dos mesmos locais no dia do incêndio e hoje

22/9 – Segunda-feira

Como está o caso na Justiça

23/9 – Terça-feira

Os personagens que testemunharam o incêndio de perto

24/9 – Quarta-feira

As lições e consequências do caso