Um grupo de artistas de rua se reuniu no início da tarde desta sexta-feira em Joinville para realizar o que eles chamaram de “aulão público de malabares” em protesto às recentes afirmações do secretário de Assistência Social, Vagner Ferreira de Oliveira. Em entrevista ao jornal A Notícia durante a ação da Prefeitura que retirou os moradores de rua que dormiam na marquise da agência do banco Bradesco, Vagner afirmou que a secretaria reforçaria as abordagens aos artistas de rua da cidade.

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Diferente do que também havia afirmado à reportagem o diretor-executivo da Secretaria de Proteção Civil e Segurança Pública (Seprot), Sérgio Coelho, a Prefeitura afirmou que a Guarda Municipal não está confiscando materiais de artistas de rua.

Entre 12 e 13h30 desta sexta-feira, os manifestantes se concentraram na Praça da Bandeira, no Centro de Joinville. O ato também contou com a presença de outros artistas e simpatizantes. O grupo se reuniu para se conhecer e discutir possíveis medidas caso a Prefeitura e os órgãos de segurança intensifiquem as abordagens na cidade. O grupo decidiu voltar a se reunir semanalmente nos jardins do Museu de Arte de Joinville (MAJ). O próximo encontro foi marcado para quarta-feira, 27 de setembro.

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O ato público contou com o apoio de representantes da Associação Joinvilense de Teatro (Ajote), da Dionisos Teatro, da Abismo Teatro de Grupo e do Movimento Passe Livre (MPL). Apesar de não atuar mais regularmente com arte de rua, o artista Luciano Himmer, de 40 anos, participou do protesto. Ele afirmou que conseguiu muitos trabalhos por meio de suas apresentações em semáforos.

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– Queremos provocar uma reflexão. O malabares é uma arte milenar, é um estilo de vida. Não pode ser tratado com descaso. É uma terapia, um esporte, um entretenimento. O malabares está presente dentro de shoppings, baladas, aniversários de crianças – explicou Luciano, que atualmente trabalha como palhaço.

O grupo estima que há cerca de 15 artistas de rua que moram na cidade. De acordo com Luciano, Joinville também está presente na rota de artistas de rua de outros municípios. Luciano lembra que o recolhimento de materiais já acontecia quando ele ainda atuava como artista de rua.

Alguns artistas de rua afirmaram à reportagem do jornal A Notícia que já tiveram seus materiais confiscados, mas que essa é uma prática que acontece esporadicamente. Não houve, de acordo com os manifestantes, uma intensificação nas abordagens. Mesmo assim, eles estão alertas.

– Se proibir aqui, eu vou para outro pico. Se proibir no planeta… eu vou para outro planeta – brincou um dos artistas de rua presente na manifestação.

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– Acabar com isso seria calar a boca de muita gente – disse outro manifestante.

Os manifestantes também lembraram da presença de policiais militares e guardas municipais durante um evento de Carnaval realizado em fevereiro deste ano. Um dos presentes afirmou que há um “cerco mundial” contra os artistas de rua. Ao final do protesto, os manifestantes jogaram seus materiais para cima e gritaram palavras de ordem contra eventuais medidas de proibição da arte de rua na cidade.

O que diz a Prefeitura

A Prefeitura de Joinville informou que não vai se manifestar sobre o protesto realizado nesta sexta-feira. O secretário de Assistência Social Vagner Ferreira de Oliveira foi procurado, mas até o momento não retornou a ligação nem respondeu às mensagens enviadas. Em nota enviada à reportagem na quinta-feira, a Prefeitura afirmou que “foi feita uma abordagem orientativa com artistas de rua para evitar que fossem usadas facas, objetos cortantes ou material com fogo nas apresentações”.