Há mais de dez anos consecutivos, Santa Catarina lidera o ranking em doação de órgãos no Brasil, com o índice de 40,6 doadores por milhão de pessoas. Neste período, houve uma queda de quase 70% na lista de espera por um órgão.
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Maior cidade do Estado, Joinville é a que mais realiza transplantes: no ano passado, foram 28 captações e, nos primeiros seis meses de 2018, 20. São estes números que trazem esperança para pacientes como o tocantinense Rogério Oliveira Marinho.
Ele estava na maior fila de todas: a de transplante de rins. Em 2018, por exemplo, das 32 mil pessoas à espera de um transplante de órgãos, 21 mil estão à espera da cirurgia para transplante renal.
Conheça a história de Rogério
Na madrugada de 2 de janeiro deste ano, Rogério Oliveira Marinho, 31 anos, recebeu uma ligação que o fez saltar da cama e correr para o hospital. Havia um “frio na barriga” ao passar pela entrada do Centro Cirúrgico do Hospital São José, mas era de alívio: o chamado à 1h40 da manhã era esperado há quatro anos, desde que ele descobrira a falência de um dos rins, e representava uma nova chance de viver sem o tratamento intenso que um paciente renal precisa. Havia chegado a vez dele de receber o transplante de rim.
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Rogério tinha 26 anos e a força de quem trabalhava como pedreiro no Tocantins, quando foi diagnosticado. Ele havia começado a sentir fraqueza nas pernas, sem motivos aparentes. Com um filho a caminho, sabia que não era hora de brincar com a saúde e foi procurar o médico.
— Viajei 70 quilômetros até a capital para fazer a consulta e fui internado para começar o tratamento imediatamente. Eu nunca tinha nem ouvido falar de hemodiálise naquela época — conta ele.
Rogério começou a pesquisar e a compreender o que a doença significava. Sabendo que no Tocantins não tinha chances de conseguir um transplante — o Estado não realiza captação de órgãos —, ele decidiu mudar completamente de vida para garantir que ainda a teria por mais do que alguns anos. Escolheu Joinville no mapa e, com a esposa e o filho recém-nascido, deixou para trás os outros parentes, os amigos e o local que conhecia como a palma da mão.
Levaria um ano e meio para que a hora do transplante finalmente chegasse. Durante a espera, o tocantinense não se dedicou apenas às 12 horas de sessões semanais de hemodiálise e aos efeitos que elas causam: ele se envolveu com a Associação Catarinense dos Renais Crônicos e assumiu a presidência em novembro do ano passado.
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Na época, defendeu os projetos no campo social, com parceria com os convênios em farmácias e laboratórios e a criação de cursos de qualificação para os pacientes renais, que precisam parar de trabalhar por causa da doença e do tratamento.
Desde que recebeu um novo rim, há dez meses, Rogério viu a saúde voltar e a vontade de fazer exercícios cresceu. Também descobriu que será pai novamente: a esposa, Maysa, está grávida do segundo filho.
— Agora, que eu consigo dar muito mais valor à vida, tudo o que eu quero é viver enquanto Deus me der saúde — afirma.
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