Um ano e nove meses se passaram desde o incêndio que destruiu uma ala inteira da Escola Estadual Bela Vista, em São José, na Grande Florianópolis. Desde então, nada foi feito. As salas que foram tomadas pelas chamas sofrem com a ação do tempo. Até mato cresce entre as carteiras abandonadas. Os livros, agora queimados, permanecem nas estantes. Esquecidos, sem possibilidade de uso. Segundo a Gerência Regional de Educação, não há previsão para reforma da escola.
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O incêndio ocorreu em fevereiro de 2015. Na época, três turmas foram retiradas às pressas da escola. Um curto-circuito teria iniciado as chamas que queimou quatro salas de aula, uma biblioteca e um laboratório de química. Durante o combate, um caminhão dos bombeiros entrou pelo terreno ao lado, onde tinha uma galeria de esgoto. A estrutura não aguentou e quebrou, tombando o caminhão. Até hoje esta parte da galeria está quebrada e a céu aberto.
É pela ala destruída no incêndio, conta o aluno do 3º ano do Ensino Médio, João Gabriel Soares, de 17 anos, que possivelmente arrombadores entraram na escola pelo menos nove vezes neste ano.
— Eles entram na parte destruída, que está aberta, e conseguem atingir o telhado da escola. Dali chegam ao pátio — relatou o estudante.
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Os bandidos levaram merenda e a fiação elétrica da unidade — mais de uma vez, inclusive. Desde o último arrombamento, há mais de duas semanas, a escola está sem luz nas salas de aula.
— Em duas ou três oportunidades fomos dispensados da aula porque estava nublado e ficava muito escuro dentro da sala — explicou o jovem.
Segundo a tesoureira da Associação de Pais e Professores (APP), Jaqueline Oliveira, a situação de precariedade é extrema.
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— Eles estão sem energia elétrica. Estão sem aulas de informática. Sem contar que poderiam estar tendo as aulas do Ensino Médio Inovador em uma das salas que foram queimadas. Eles fazem mais esporte do que aulas — revelou a tesoureira, que é mãe de um aluno. No Ensino Médio Inovador, os estudantes, pelo menos três vezes por semana, têm aulas o dia inteiro.
De acordo com a coordenadora regional do Sindicato dos Trabalhadores da Educação (Sinte) de São José, Ingrid Assis Leitemberg, a situação é acompanhada e espera-se uma solução o quanto antes.
Fiação elétrica pra segunda
A gerente regional de Educação da Grande Florianópolis, Elizete Soares Geraldi, contou que o primeiro problema que precisava ser resolvido era a contratação de vigilância 24 horas, para evitar novos furtos. Segundo os alunos, o funcionário começou a trabalhar ontem.
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— Já tínhamos feito a reposição dos fios e foram levados de novo. Precisávamos do vigilante 24 horas. A Secretaria de Educação (SED) já começou a fazer o orçamento e contratou uma empresa para instalar a nova fiação. Possivelmente eles começam os trabalhos na próxima segunda-feira — afirmou a gerente.
O valor da reconstrução da parte elétrica foi orçada em R$ 15 mil, disse Elizete.
Para a gerente, a ala queimada não tem prejudicado a regularidade das aulas na Bela Vista.
— Hoje, pelo número de alunos da escola, a falta daquele espaço não prejudica as aulas. Eles têm sala de informática e outros ambientes — disse. Atualmente, segundo consta no site do Governo do Estado, 166 adolescentes estudam na escola.
Já quanto à reforma da ala queimada, não há uma previsão. A gerente de Educação contou que a SED estuda se será feito reparo ou se o espaço destruído irá “para o chão”.
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Garantia de escola aberta para, pelo menos, 2017
No final do ano passado, com a confirmação para alguns funcionários da escola que a unidade seria fechada, alunos, pais e professores se mobilizaram para evitar o encerramento das atividades da Bela Vista.
Segundo a tesoureira da APP, Jaqueline Oliveira, é o único colégio do bairro. Os estudantes teriam que ir para o bairro Ipiranga estudar, o que encareceria despesas no orçamento das famílias com transporte, por exemplo. A desativação foi descartada.
— Mas o fantasma do fechamento ainda está nos rondando — lamentou Jaqueline.
Segundo a gerente de Educação, não há previsão de que isso ocorra no ano que vem.
— Já realizamos o plano de ofertas para o ano de 2017, e não foi tratado o fechamento da unidade — confirmou.
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