Temendo dramas como o que a modelo Amanda Griza enfrenta desde a semana passada, diversas das grandes agências brasileiras pararam de enviar profissionais para trabalhar na China. A jovem gaúcha, moradora de Balneário Camboriú, está detida desde o dia 8 de maio. De acordo com as informações recebidas, Amanda estaria sido mantida presa como testemunha de uma investigação contra agências irregulares.

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A Ford Models, com sede em São Paulo, não atua no país asiático há pelo menos três anos. Booker internacional da empresa, Alex Torchia conta que os gastos para se obter um visto acabam gerando prejuízo, ao invés de criarem uma oportunidade de crescimento ao profissional.

– A China tem ficado cada vez mais fechada a modelos estrangeiras, principalmente depois das Olimpíadas de 2008, então ficou oneroso demais. Poucos conseguem ficar mais que um mês trabalhando na China – relata Torchia.

Já João Henrique, da Joy Models, descreve um “boom” de agências amadoras, incluindo várias má-intencionadas ou sem nenhuma estrutura para lidar com relações internacionais, que fizeram a China a apertar o cerco e aumentar as exigências. A complicação também levou a Joy a parar de enviar modelos o país, embora atue em outras regiões da Ásia.

– Os consulados chineses perceberam isso e pararam de permitir longas estadias para modelos. Além disso, a agência chinesa precisaria emitir diversos documentos comprovando a legalidade delas, algo que muitas não possuem.

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Emboscadas policiais não são novidade

A garota trabalhava desde fevereiro na Ásia e foi detida durante uma operação que combatia a presença de trabalhadores ilegais no país. A polícia chinesa simulou uma seleção de modelos, reuniu candidatas em um prédio e realizou as prisões. Foram detidas cerca de 60 modelos de países da América e da Europa, que estavam com a documentação irregular.

A Mega Model, também sediada em SP, ainda envia modelos para trabalhos na China, mas mantém uma cautela maior em relação ao país. Gabriela Almeida, booker internacional, conta que só enviam modelos a outros países com o visto em mãos, ainda no Brasil.

Gabriela diz ouvir falar de emboscadas para descobrir modelos irregulares na China há pelo menos quatro anos. Ela também conta que agências menores acabam enviando modelos para lá de forma irregular por não conseguirem arcar com os custos da documentação.

:: Ouça a última conversa da modelo Amanda Griza com os pais

Agências chinesas estão sob investigação

A família de Amanda, que não fala com a garota há uma semana, não sabe do que se trata o processo que envolve a detenção da modelo. Eles acreditam que a investigação da polícia chinesa se refira a algo maior que simplesmente a prisão de ilegais: a modelo seria testemunha de uma ação contra agências irregulares na China.

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A suspeita surgiu primeiramente com os contatos feitos com a embaixada, e ganhou força a partir de notícias que a família acompanhou em sites internacionais. Depois disso, a confirmação teria vindo diretamente da vice-cônsul.

– Essa pessoa do consulado nos falou que ela está sendo mantida lá porque é testemunha da investigação. Nesta quinta, falei com ela e me contou que não disseram quando as modelos serão liberadas. As meninas estão sob custódia da polícia de inteligência lá da China porque a agência seria investigada por outras coisas – detalha a mãe, Elena Griza.