Na quinta-feira, 8 de maio, uma chamada inesperada da filha provocou um turbilhão na vida da família Griza. A modelo gaúcha Amanda, 19 anos, usou um aplicativo de mensagens de voz para narrar ao vivo para os pais, Edson e Elena, sua prisão na China.

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Natural de Osório e com a família radicada em Balneário Camboriú, Santa Catarina, Amanda trabalhava desde fevereiro no país asiático. Chamada pela agência para uma seleção de modelos, foi surpreendida quando o casting se revelou uma armadilha. A polícia chinesa montou uma operação para deter trabalhadores com problemas em vistos. A brasileira acabou detida num grupo com cerca de 60 modelos.

Ouça a última conversa da modelo Amanda Griza com os pais

Desde a prisão, os Griza tentam contato com a filha. Já procuraram a agência de modelos, o Itamaraty e o deputado federal Vieira da Cunha (PDT-RS), ex-presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara. Por enquanto, não há posição oficial sobre o tempo de prisão e a possibilidade da jovem voltar ao Brasil. Por telefone, o pai de Amanda, Edson Griza, 48 anos, relatou a tensão vivida nos últimos dias. Confira trechos.

Quando o senhor soube da prisão da Amanda?

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No momento em que a polícia chinesa anunciou que a seleção de modelos era falsa. Ela ficou assustada e fez uma chamada no celular pelo WeChat (aplicativo de mensagens instantâneas muito popular na China). Ficamos quase duas horas com ela na linha narrando tudo o que acontecia. A polícia procurava modelos que estavam com problemas no visto.

E a reação do senhor e da sua mulher?

Ficamos assustados, mas tivemos que segurar a tensão e tentar tranquilizar a Amanda, pedir para ela ficar calma, contatar a agência. Depois que perdemos o contato pelo celular, quando ela foi levada pela polícia, não conseguimos falar novamente. Estamos há uma semana nesta angústia, é desesperador.

Vocês têm notícias de como está a Amanda?

Mantivemos contato com a agência, que passou que ela ficaria 24 horas presa. Depois, o prazo passou para 72 horas e chegaram a falar em um mês. As informações eram desencontradas. Então, no sábado, procuramos o Itamaraty. O diplomata visitou a Amanda e disse que está bem.

E o que foi passado para o senhor?

Relataram que ela está bem de saúde, não sofreu agressões, mas está muito abalada. A alimentação também não é das melhores, ela estaria comendo arroz e leite de soja. É provável que a Amanda seja processada, julgada e deportada. Gostaria que ela já tivesse sido deportada, quero minha filha no Brasil. Agora, ninguém sabe muito bem como as coisas acontecem na China, nem se a integridade física dela será respeitada. A gente fica aqui pensando como as coisas acontecem lá. É uma angústia muito grande.

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Vocês sabiam dos problemas no visto da Amanda?

Ela tirou um visto de negócios em São Paulo, conforme a recomendação da agência. Só soubemos que ela precisava de outro visto para trabalhar como modelo na China depois da prisão. A China estaria dificultando há mais tempo a entrada de modelos e resolveu endurecer a situação. A Amanda acabou sendo vítima.

Sua filha trabalha desde quando como modelo?

Desde os 11 anos de idade. Ela fez uma primeira campanha grande para a General Motors. Ela já passou uma temporada no México e acertou contrato de seis meses na Ásia, quatro na China e dois em Hong Kong. É uma menina muito batalhadora, faz muitos desfiles e fotos, está na luta, vem de uma família simples e unida.

A embaixada brasileira ou as autoridades chinesas deram algum retorno sobre o andamento do processo e a possibilidade da Amanda voltar ao Brasil?

Estamos otimistas, o pessoal da embaixada está ajudando. Não vejo a hora de poder abraçar minha filha outra vez.

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