As últimas informações que o casal Elena e Edson Griza tiveram da filha Amanda Griza, 19 anos, chegaram na manhã desta quinta-feira. A vice-cônsul brasileira na China é quem está mantendo os pais da modelo informados sobre a situação da jovem presa desde o último dia 8. De acordo com as informações recebidas, Amanda estaria sido mantida presa como testemunha.
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A família não tem ideia do que se trata o processo que envolve a detenção da modelo, mas acredita que a investigação da polícia chinesa se refira a algo maior que simplesmente a prisão de ilegais. Amanda foi presa porque estaria com um visto de negócios, o que seria ilegal para exercer a profissão de modelo no país asiático.
– Essa pessoa do consulado nos falou que ela está sendo mantida lá porque é testemunha da investigação – conta a mãe.
A suspeita da família surgiu primeiro com os contatos feitos com a embaixada e ganhou força a partir de notícias que a família acompanhou em sites internacionais. Depois disso, a confirmação teria vindo diretamente da vice-cônsul.
– Hoje de manhã (nesta quinta) falei com ela e me contou que não disseram quando elas (as modelos) vão ser liberadas. As meninas estão sob custódia da polícia de inteligência lá da China porque a agência seria investigada por outras coisas – detalha Elena.
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Amanda Griza está detida com pelo menos mais 60 modelos de diversas nacionalidades. Quando a equipe de reportagem chegou à casa dos Griza em Balneário Camboriú nesta quinta-feira a mãe da modelo, Elena, trocava mensagens com a mãe de uma modelo espanhola também detida.
A busca por informações é incessante desde o dia da prisão, quando Elena foi acordada por uma mensagem de voz de Amanda às 7h44 (horário de Brasília). Informações iniciais indicavam que Amanda ficaria detida por 72 horas e seria deportada, que era o que a família gostaria que tivesse acontecido.
– Não vemos a hora dela chegar, mas estamos bastante confiantes de que agora as coisas serão mais rápidas – diz o pai.
A família contou com o apoio do ex-presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, deputado Vieira da Cunha (PDT-RS). Antes disse, segundo os pais de Amanda, os contatos coma embaixada não haviam sido respondidos.
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Acompanhe as mensagens de voz envidas por Amanda para a mãe:
Trajetória da modelo até Pequim
Amanda está em Pequim desde fevereiro deste ano. Os dias na capital chinesa foram frenéticos desde a chegada da jovem. De acordo com a mãe, a modelo foi para o país asiático com a intenção de ganhar experiência, fazer um bom material fotográfico e conseguir trabalhos posteriores.
A possibilidade de ir para a China surgiu após a jovem passar uma temporada no México, onde também atuou como modelo. Ela iniciou a carreira aos 11 anos no Rio Grande do Sul. Natural da cidade gaúcha de Osório, Amanda sempre gostou das lentes.
– Com a primeira câmera digital que dei de presente acho que ela fez umas 500 fotos em um dia -lembra o pai.
Após conhecer Balneário Camboriú a família se apaixonou pela cidade e resolveu mudar para o litoral catarinense. Amanda ficou cerca de dois anos sem atuar como modelo, mas em 2009 voltou a ser foco das lentes e não parou mais.
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No dia 8 (aqui no Brasil) Amanda foi até a agência de modelos em Pequim, pois havia sido chamada para um casting. A ação, no entanto, era parte de uma operação da polícia na China para coibir a presença de trabalhadores ilegais no país.
A brasileira e outros modelos que estavam no local acabaram presos. A jovem estava com um visto de negócios e, conforme o que a família conseguiu apurar, essa não era a documentação adequada para o caso de Amanda.
– Antes dela viajar ela foi na embaixada em São Paulo com os contatos das pessoas e sabendo o que fazer. Para nós estava tudo perfeito. A gente jamais imaginaria que fosse dar um problema desse – conta Edson.
Angústia via internet
O sofrimento de Elena começou na manhã do dia 8, quando ela acordou com uma mensagem de voz da filha. Desde que Amanda foi para a China as duas vinham se correspondendo pelo aplicativo WeChat. Com a voz já cansada, Amanda contou à mãe que havia sido presa.
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Elena respondeu por mensagens de texto na tentativa de ajudar a filha e conseguir mais informações. A jovem respondia por mensagens de voz. Os primeiros relatos detalham o que estava acontecendo, a jovem fala sobre estar sendo levada com o rosto coberto. As mensagens seguintes tem um tom mais desesperado e, nervosa, Amanda chora.
Foram quase três horas de troca de mensagens até que a modelo ficou sem sinal de internet. Depois disso, Elena não ouviu mais uma palavra da filha. Posteriormente foi informada pelo consulado que o celular havia sido apreendido, mas estranhamente no sábado a mãe recebeu uma mensagem de texto do celular de manda: “Ô, fica bem. Te amo”.
– Não temos como saber se partiu dela, mas era a forma como ela fala, sempre diz que ama no final de cada mensagem – diz o pai.