Com 25 quilômetros de extensão, a rodovia Sarandi-Ronda Alta (ERS-404) é classificada como precária e com muitas curvas pelo Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM) de Palmeira das Missões, batalhão responsável pelo policiamento do trecho. Além de sinuosa, aclives e declives a tornam ainda mais perigosa, inclusive no trecho onde ocorreu o acidente entre uma carreta e um ônibus que vitimou seis pessoas (km 8), em Rondinha.

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> Em INFOGRÁFICO, saiba como teria ocorrido o acidente

Próximo ao local do acidente, para quem trafega no sentido Sarandi-Rondinha (trajeto do caminhão), há uma placa que sinaliza velocidade máxima de 80 km/h antes da ponte que cruza o Rio Baios. À frente, em uma descida, outra placa indica a curva à direita, mas não há alerta para a guinada acentuada.

– A sinalização é pífia e não oferece segurança aos usuários, especialmente no período noturno – atesta o vice-presidente da Federação das Empresas de Logística e Transporte de Cargas do RS (Fetransul) e presidente do Sindicato de Transportadores de Cargas de Carazinho (Sindicar), Milton Schmitz.

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A rodovia tem pista simples em toda extensão. Segundo rodoviários que utilizam a estrada, há buracos e desníveis em diversos pontos do trecho. Considerada corredor de escoamento de cargas entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, a ERS-404 apresenta trânsito intenso de veículos.

O Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) informa que é frequente a manutenção da ERS-404 e que, nas próximas semanas, uma empresa recém-contratada irá tapar os buracos e renovar a sinalização da rodovia.

Morador de Ronda Alta e usuário diário da rodovia para trabalhar em Sarandi e Carazinho, Marco Antônio Mendes reclama da falta de acostamento e manutenção da pista. Segundo ele, após o local do acidente há uma subida, o que faz os motoristas, principalmente caminhoneiros, pisarem mais forte na descida para não perder a aceleração ao longo do aclive. E acrescenta:

– Cerca de cem metros antes existe uma sequência de buracos em outra curva. Temos que invadir a pista contrária para desviar – reclama ele, citando ter ficado uma hora e meia parado por causa de um caminhão tombado na semana passada, no mesmo ponto da tragédia.

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Segundo dados do CRBM, houve 24 acidentes na estrada nos primeiros seis meses de 2013, com duas mortes, 19 feridos e 40 veículos envolvidos. No km 9, há o registro de um óbito em janeiro. No ano passado, foram 22 acidentes no mesmo período, com nenhuma vítima fatal, 17 feridos e 39 veículos envolvidos.

Em galeria de fotos, confira imagens do velório em Rondinha:

Em galeria de fotos, confira imagens do resgate ds vítimas após o acidente:

Veja o perfil das vítimas

Gregui Alberto Finato – 24 anos, estava há três meses na empresa Expresso São Miguel. Segundo familiares, Finato costumava ir de moto ao trabalho. No final de semana comentou com parentes que iria começar a ir de ônibus, pois seria mais seguro para ele. O jovem tinha uma namorada e era o único filho homem. Ele tinha uma irmã.

Fernando Braga – 22 anos.

Moisés Juriati – 31 anos.

Vanderlei Goppinger – 29 anos, trabalhava há dois anos na empresa. Solteiro, tinha a função de conferente.

Rober de Bona – 28 anos, viajava com seu irmão, Rafael de Bona. Rafael foi encaminhado ao Hospital de Caridade de Carazinho em estado regular.

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Geferson Bertuol – 40 anos, estava dirigindo o ônibus envolvido na colisão. Bertuol era um dos proprietários da empresa Rondi Tur Transportes. Casado, sem filhos, era dono da empresa há aproximadamente 20 anos. Gelson Bertuol, irmão de Geferson, viu o motorista passar com o veículo 15 minutos antes do acidente, quando estaria jantando em um restaurante.

Outros casos

Tragédias no trânsito que marcaram a história recente:

Fevereiro de 2008 Cinco pessoas da mesma família morreram em um acidente em Lajeado: três adultos e duas crianças. Eles estavam em um Monza que colidiu de frente contra um caminhão no km 342,2 da BR-386.

Julho de 2008 Uma colisão entre um ônibus e um caminhão matou 13 pessoas no km 371,5 da rodovia da BR-386, no município de Fazenda Vilanova, no Vale do Taquari. O desastre também feriu 20 dos 35 passageiros do ônibus.

Janeiro de 2009 – O ônibus que retornava de Santa Cruz do Sul para Pelotas com a delegação do Brasil de Pelotas caiu em um barranco na alça de acesso à BR-392, em Canguçu. Três jogadores morreram e outras 28 pessoas ficaram feridas. A tragédia causou comoção nacional.

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Março de 2009 Um grupo de gaúchos que cruzava o Estado em busca de atendimento médico teve a viagem interrompida. O desastre ocorrido na RSC-287, em Venâncio Aires, resultou em oito mortos quando o micro-ônibus em que viajavam se envolveu em uma sequência de batidas com três caminhões.

Novembro de 2009 – Após colidirem, dois caminhões e um automóvel se incendiaram, matando cinco pessoas e ferindo três na RSC-153, em Ernestina. Em um carro, dois amigos voltavam de uma festa quando se envolveram no acidente com um caminhão que levava instrumentos musicais e com outro carregado de agrotóxico.

Março de 2011 Um grupo de bolão de Santo Cristo viajava em direção ao Paraná quando, no meio do caminho, o ônibus que transportava 44 passageiros se chocou com um caminhão carregado de madeira, na BR-282, em Descanso (SC). Foram 27 vítimas da equipe.

Dezembro de 2011 Um acidente no km 457 da BR-290, em Rosário do Sul, matou um casal e três filhos – duas crianças e um jovem -, todos argentinos de uma mesma família. A Zafira com seis pessoas colidiu com um ônibus que ia de São Gabriel a Santana do Livramento.

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Novembro de 2012 Um acidente na BR-386, no norte gaúcho, dilacerou três famílias. O choque entre um Civic e uma caminhonete S10 provocou a morte de sete pessoas, entre as quais uma família inteira de Novo Hamburgo com pai, mãe, um filho e uma filha de dois meses de idade.