A viagem interrompida pelo acidente que matou seis pessoas e deixou outros sete feridos, no km 8 da ERS-404, em Rondinha, era a primeira que o caminhoneiro Gelson Guilherme Dallastra, 26 anos, fazia pela empresa G&M transportes.

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Em depoimento à delegacia de Rondinha, o jovem de Chapecó que tombou sua carreta e invadiu a pista contrária na noite de quinta-feira, atingindo um ônibus que levava trabalhadores da Expresso São Muguel, disse que é motorista profissional há seis anos e estava sendo admitido no novo emprego.

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Durante pouco mais de uma hora, ele detalhou ao delegado Edson Tadeu Cezimbra a sua versão sobre o acidente. Embora a polícia investigue a hipótese de excesso de velocidade, o caminhoneiro garantiu que dirigia a “mais ou menos” 60km/h, num trecho com velocidade de 80 km/h.

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Depois de fazer a curva, teria sentido a carga de aproximadamente 28 toneladas que transportava – de presunto resfriado e salsichas congeladas – pender para a esquerda. Ao tentar manobrar, perdeu o controle do caminhão.

Segundo o delegado, ele teria invadido a pista contrária para fazer a curva com maior facilidade e não conseguiu retornar.

“(…) após passar a ponte, estava fazendo a curva, diz que notou que vinha um ônibus no sentido contrário, ‘se assustou’ e tentou puxar o caminhão para a direita, tendo dado um golpe na direção, para não bater de frente, quando então a carreta ladeou e tombou. Nisso ocorreu a colisão”, registra o texto do depoimento.

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Dallastra, que salientou nunca ter se envolvido em qualquer acidente anterior nos seis anos de profissão, também disse que conhecia a estrada, conforme anotado no seu testemunho:

“Diz que já passou diversas vezes por tal rodovia, seja com caminhão, seja com automóvel, etc. A última vez que passou no local foi há cerca de três meses”.

Acompanhado por seu advogado, João Vianei Weschenfelder, o caminhoneiro se prontificou a realizar exames de sangue e urina para comprovar que não havia ingerido qualquer substância proibida. Dallastra disse que havia partido de São Luiz Gonzaga por volta das 15h30min de quinta-feira e havia feito duas paradas antes do acidente, ocorrido às 21h30min, em Ijuí e Sarandi. Seu destino era Belém do Pará.

– Desconfio que há um defeito de engenharia nesta estrada – afirmou o advogado do caminhoneiro, salientando que o trecho é mal sinalizado.

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Embora o ponto onde ocorreu o acidente seja conhecido como “curva da morte” entre moradores, não há indicações de curva acentuada ou perigosa. A única placa antes da curva, no sentido Sarandi-Rodinha, indica uma curva comum depois da ponte.

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Veja o perfil das vítimas

Gregui Alberto Finato – 24 anos, estava há três meses na empresa Expresso São Miguel. Segundo familiares, Finato costumava ir de moto ao trabalho. No final de semana comentou com parentes que iria começar a ir de ônibus, pois seria mais seguro para ele. O jovem tinha uma namorada e era o único filho homem. Ele tinha uma irmã.

Fernando Braga – 22 anos.

Moisés Juriati – 31 anos.

Vanderlei Goppinger – 29 anos, trabalhava há dois anos na empresa. Solteiro, o era tinha a função de conferente.

Rober de Bona – 28 anos, viajava com seu irmão, Rafael de Bona. Rafael foi encaminhado ao Hospital de Caridade de Carazinho em estado regular.

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Geferson Bertuol – 40 anos, estava dirigindo o ônibus envolvido na colisão. Bertuol era um dos proprietários da empresa Rondi Tur Transportes. Casado, sem filhos, era dono da empresa há aproximadamente 20 anos. Gelson Bertuol, irmão de Geferson, viu o motorista passar com o veículo 15 minutos antes do acidente, quando estaria jantando em um restaurante.

Outros casos

Tragédias no trânsito que marcaram a história recente:

Fevereiro de 2008 Cinco pessoas da mesma família morreram em um acidente em Lajeado: três adultos e duas crianças. Eles estavam em um Monza que colidiu de frente contra um caminhão no km 342,2 da BR-386.

Julho de 2008 Uma colisão entre um ônibus e um caminhão matou 13 pessoas no km 371,5 da rodovia da BR-386, no município de Fazenda Vilanova, no Vale do Taquari. O desastre também feriu 20 dos 35 passageiros do ônibus.

Janeiro de 2009 – O ônibus que retornava de Santa Cruz do Sul para Pelotas com a delegação do Brasil de Pelotas caiu em um barranco na alça de acesso à BR-392, em Canguçu. Três jogadores morreram e outras 28 pessoas ficaram feridas. A tragédia causou comoção nacional.

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Março de 2009 Um grupo de gaúchos que cruzava o Estado em busca de atendimento médico teve a viagem interrompida. O desastre ocorrido na RSC-287, em Venâncio Aires, resultou em oito mortos quando o micro-ônibus em que viajavam se envolveu em uma sequência de batidas com três caminhões.

Novembro de 2009 – Após colidirem, dois caminhões e um automóvel se incendiaram, matando cinco pessoas e ferindo três na RSC-153, em Ernestina. Em um carro, dois amigos voltavam de uma festa quando se envolveram no acidente com um caminhão que levava instrumentos musicais e com outro carregado de agrotóxico.

Março de 2011 Um grupo de bolão de Santo Cristo viajava em direção ao Paraná quando, no meio do caminho, o ônibus que transportava 44 passageiros se chocou com um caminhão carregado de madeira, na BR-282, em Descanso (SC). Foram 27 vítimas da equipe.

Dezembro de 2011 Um acidente no km 457 da BR-290, em Rosário do Sul, matou um casal e três filhos – duas crianças e um jovem -, todos argentinos de uma mesma família. A Zafira com seis pessoas colidiu com um ônibus que ia de São Gabriel a Santana do Livramento.

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Novembro de 2012 Um acidente na BR-386, no norte gaúcho, dilacerou três famílias. O choque entre um Civic e uma caminhonete S10 provocou a morte de sete pessoas, entre as quais uma família inteira de Novo Hamburgo com pai, mãe, um filho e uma filha de dois meses de idade.