Tão logo as duas explosões sacudiram o centro de Boston, aterrissaram em minha caixa de e-mail pelo menos 20 mensagens de amigos e colegas que conhecem alguém morando na cidade. Nem Miami, nem Nova York, Boston é a mais brasileira das metrópoles americanas. Não apenas pelo número de imigrantes que vivem lá – é reduto da maior comunidade de brasileiros nos EUA, 200 mil pessoas -, mas principalmente pelo seu modo de vida. Boston é festeira, cheia de cafés, bares e tem grandes áreas verdes, um convite para quem gosta de correr entre árvores e desviar de esquilos. No inverno, por suas ruas centrais, sopra um vento gelado proveniente dos rios Charles e Mystic. A cidade deve sua alma à prestigiosa Universidade de Harvard, que recebe, a cada ano, estudantes de todo o planeta.
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As explosões de ontem carregam no DNA características da rede Al-Qaeda: ocorreram em um momento de grande aglomeração, quase simultâneas. Como ato simbólico, os artefatos foram detonados próximo das bandeiras das nações participantes do evento. Os alvos: não apenas americanos, mas também estrangeiros.
O atentado rompe a pax americana da era Barack Obama: é o primeiro a acontecer no país desde 2001, mostra que matar Osama bin Laden não significou o fim do terror e, pesadelo dos pesadelos, faz os EUA reviverem o medo que, a muito custo, se diluíra.
É a segunda mancha na história da bela Boston. A primeira foi no 11 de Setembro. Do aeroporto Logan partiram os voos 11 da American e 175 da United naquela manhã. O destino de ambos era Los Angeles, mas as aeronaves foram desviadas para o World Trade Center. O século do terror americano também começava em Boston.
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Veja o mapa com o local da chegada onde ocorreram as explosões: