Ex-diretor da Penitenciária de São Pedro de Alcântara e viúvo da agente penitenciária Deise Alves, o agente Carlos Alves, 36 anos, prestou depoimento na tarde desta segunda-feira no Fórum de São José.

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Carlos respondeu a perguntas do promotor de Justiça e de advogados de defesa dos réus, na audiência que começou ainda pela manhã. No começo, afirmou que desenvolveu trabalho na Penitenciária para desestruturar o Primeiro Grupo Catarinense (PGC), cujos principais líderes cumpriam pena naquela cadeia.

– Eles comandavam lá dentro praticamente até a escala de serviço, quem trabalharia em cada pavilhão. Com o tempo perderam a liderança, pois cortamos o dinheiro e o cigarro na Penitenciária – disse o ex-diretor sobre a ação contra a facção criminosa.

Ele destacou que os presos líderes do PGC ordenavam de lá crimes como mortes na própria cadeia, assaltos, tráfico de drogas e de armas e acredita que a sua intervenção sobre eles causou a ira do bando.

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– O PGC perdeu poder e passei a ser pessoa não tão bem vista por eles e o principal alvo do PGC – declarou.

Sobre o assassinato da mulher, Carlos afirmou que desde a data do fato tinha certeza absoluta que a ação havia sido ordenada pelo 1º ministério do PGC. Na data do assassinato, Carlos estava em um curso em Brasília e havia falado com a mulher por telefone cerca de uma hora e meia antes.

– A intenção era me atingir. A primeira vítima desses atentados foi a minha esposa – respondeu ao promotor.

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O clima ficou tenso durante o depoimento quando o ex-diretor passou a ser indagado pelos advogados dos réus. Carlos comentou que após o crime ficou quatro meses em casa e até hoje sofre com a perda. Ele atua hoje no gabinete da direção do Departamento de Administração Prisional (Deap).

O assassinato da agente Deise Alves – 26 de outubro de 2012

Insatisfeitos com o corte de regalias na Penitenciária de São Pedro de Alcântara, presos do PGC e articuladores das ideologias da facção decidiram matar o então diretor Carlos Alves.

Por cartas ou visitas, comunicaram-se entre si e ordenaram a execução do diretor para os criminosos chamados disciplinas, que são os responsáveis por cumprir as ordens nas ruas.

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Fabricio da Rosa teria conseguido a arma para o homicídio, uma pistola 9mm. Reuniram-se para a execução Marciano Carvalho dos Santos, Oldemar da Silva, o Mancha, e Rafael de Brito, o Shrek.

Na noite de 26 de outubro de 2012, uma sexta-feira, em uma moto e em um carro, três homens seguiram o Mégane preto de Carlos Alves até a residência dele. Quando o veículo estacionou, na frente da casa de um familiar, às 21h, no Bairro Roçado (Rua João Fernando Pereira), a agente Deise Alves desceu e acabou sendo baleada.

Deise conseguiu reagir e acertou Marciano com um tiro na perna. Quando ele foi preso, apresentava o ferimento. O carro tinha película nos vidros e por isso os atiradores não perceberam que não era Carlos Alves quem estava dentro. Eles mataram a agente com um tiro no coração por engano.

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