Em um breve momento, como o piscar de olhos, a vida de Maike, João e Cleunice mudou completamente. Os três não se conheciam, sequer moravam perto, mas se encontraram depois que a vida tirou deles algo e lhes apresentou outras formas de encarar o mundo, a principal delas através do esporte.
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O trio se tornou paratleta assim, meio sem querer querendo, mas motivado pela aventura de sair de casa. Maike Sommerfeld Tarnowski, 51 anos, foi convidada por um amigo a participar de um time de basquete antes de entrar no atletismo. A atividade era boa mas, competitiva, ela não se contentou. Desanimada em ver o time de veteranos ficar em último lugar nos campeonatos disputados com jovens atletas, se aventurou no atletismo e logo na primeira competição — antes mesmo do treino inicial e de ver um dardo, um disco ou um peso — trouxe a medalha de bronze para casa em novembro de 2010.
— Eu me empolguei. Pensei que se sem estar preparada eu consegui então poderia seguir adiante. Ali eu descobri que poderia ser uma atleta, mas meu primeiro ponto para vir treinar foi realmente sair de casa, chegar aqui e encontrar amigos na mesma situação. Há muita troca de informações — conta Maike, que hoje é atleta de alto rendimento e ocupa a terceira colocação nacional entre os atletas da categoria dela no lançamento de disco.

Para que paratletas como Maike (foto acima) continuem a se preparar, o presidente da Associação do Paradesporto de Blumenau (Apesblu), Paulo Bonin, destaca que a parceria do Programa Paradesporto Escolar e Adulto com a Unimed — que assinou ontem o contrato de um ano de patrocínio — vai ajudar e muito a manter paratletas em competição, por exemplo:
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— Ter o apoio de uma empresa como a Unimed só certifica o bom trabalho que temos feito em Blumenau e com certeza ganhamos força para conquistar ainda mais.
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Foi também o desafio de sair de casa que uniu João Augustinho Angeli e Cleunice Furtado. Aliás, foi no amor pelo esporte que os dois se apaixonaram e há sete anos formam uma família, que há quatro anos ficou completa com a chegada da filha Luana. É o técnico de goalball, Maurício Pfiffer, quem resume a história de amor dos dois, que se conheceram na quadra:
— Fomos para uma competição, mas eu nem imaginava que eles estavam juntos. Um dia o João chegou atrasado no alojamento e me contou que tinha arrumado um romance, mas não disse que era a Cleunice. No fim daquele ano, eles chegaram de mãos dadas na confraternização e só aí que o João confessou que o romance era com ela e não com outra atleta — sorri.
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João começou no goalball há nove anos, depois que a diabetes tirou a visão total do blumenauense, então com 25 anos e motorista profissional. Ele foi um dos pioneiros na modalidade e hoje encara no esporte uma forma de se manter saudável, socializar e, claro, amar.
— Quando eu chegava, ele dizia que eu era muito barulhenta, que não me suportava e hoje ele me ama. Tanto que tem ciúmes de mim — conta Cleunice, que há nove anos, por conta de um glaucoma, possui apenas 3% da visão do olho esquerdo.
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Juntos os dois andam de ônibus pela cidade, não têm medo de sair de casa e ainda participam de competições pelo país.
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— Antes de descobrir o esporte, eu só ficava em casa e achava que não podia fazer muita coisa. Entrei em depressão, foi difícil, mas hoje eu saio sozinha e às vezes o João que me leva. Ele sabe todos os caminhos, conhece as curvas para chegar em casa. Tenho muito orgulho.
A diretora de Desenvolvimento do Paradesporto de Blumenau, Giselle Margot Chirolli, ressalta que o Paradesporto Adulto está entre os maiores do país, com conquistas de medalhas e prêmios em modalidades.
Santa Noticiou:
Quem também estava na cerimônia que oficializou o patrocínio ao paradesporto era Igor Valle Antunes. Ele já foi personagem de reportagens do Santa quando tinha 2 anos. Na ocasião, o jornal acompanhou o menino durante uma aula de natação para bebês, que o ajudava a desenvolver a capacidade pulmonar e a força nas pernas, com a impulsão. Aos 4 anos, ele relembrou ontem daquele momento dentro da piscina, quando assistiu a um vídeo do Santa no telão do evento.
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— Recentemente ele conseguiu nadar. Este é o terceiro ano que ele está no paradesporto, mas foi no início deste mês que conseguiu pela primeira vez fazer o nado costas. Ele bate as perninhas com uma agilidade impressionante — conta orgulhosa a mãe de Igor, Françoise Valle Kraus, enquanto mostra no celular o registro da conquista do pequeno na piscina.