Às 7h da manhã desta quarta-feira, 24, a vazão da estação de tratamento do rio Cubatão, que abastece parte da Grande Florianópolis, era de 2.750 litros por segundo — volume levemente superior aos habituais 2,5 mil l/s. Isso significa, segundo a Companhia Catarinense Águas e Saneamento (Casan), que a adutora de 800 mm rompida na madrugada do último domingo, 21, devido a deslizamentos de terra e que capta água do Rio Pilões para tratamento opera normalmente. Por isso, os consumidores da região metropolitana da capital de Santa Catarina poderão, aos poucos, perceber a normalização.

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Até que o abastecimento seja completamente restabelecido, no entanto, existem algumas recomendações para que a população minimize o prejuízo do período sem água. Com a ajuda de especialistas no assunto e da própria Casan, o Diário Catarinense listou cinco dicas abaixo:

1) Continue o racionamento

Mesmo que a vazão atual na ETA Cubatão seja considerada boa pela Casan, a estatal mantém o pedido à população em geral para que se limite ao uso essencial de água, pelo menos durante a quarta-feira, para que as regiões mais prejudicadas possam ser reabastecidas de maneira mais rápida.

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A Casan reafirma que áreas localizadas em pontos mais altos de Biguaçu (como os bairros Três Riachos, Fundos e Janaína) e de São José (região da Forquilhinha, Potecas, Serraria e Barreiros) começarão a ser regularizadas em sua plenitude somente a partir do final da tarde. O mesmo deve ocorrer na Bacia do Itacorubi, em Florianópolis, a última região da Ilha que recebe a água que vem da ETA Cubatão. Essa porção compreende os bairros Itacorubi, Trindade, Parque São Jorge, Pantanal, João Paulo e proximidades. O bairro Santa Mônica, embora localizado na mesma bacia, pode ser abastecido com mais agilidade, devido ao fato de ser mais plano.

A Casan ainda dá dicas gerais acerca da economia de água necessária nesse período:

— Adie, na medida do possível, o uso de máquina de roupas;

— Tome banhos rápidos, que não ultrapassem cinco minutos;

— Antes de lavar pratos e panelas, limpe os restos de comida com toalha de papel, guardanapo e esponja;

— Deixe pratos e talheres de molho antes de lavá-los. Ensaboe todas a louça e depois enxague as peças;

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— Nunca use mangueira para lavar pátios e quintais. O adequado é usar vassoura e balde;

— Não regue o jardim neste período;

— Verifique se não há torneiras pingando no imóvel.

O professor do curso de Engenharia Sanitária e Ambiental da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Maurício Sens comprova a necessidade de economia:

— É um momento de caos, em que a água só deve ser utilizada em momentos urgentes.

2) Tenha cautela no momento de abrir as torneiras

Especialista em tratamento de águas e de efluentes líquidos domésticos e industriais, o professor da UFSC Paulo Belli Filho reforça a necessidade de um uso mais consciente da água — não só neste momento, mas em todos. Por mais compreensível que seja a urgência na retomada do uso do líquido, o pesquisador recomenda que se tenha calma no momento de abrir as torneiras, por exemplo. Ele orienta que tanto a abertura de torneiras e chuveiros quanto as descargas sejam feitas lentamente.

— A retomada da água é um momento crítico, porque há o deslocamento duplo: da água e do ar. E, se os canos não estiverem bons, corre o risco de haver rompimento da parte hidráulica. Então o ideal é não abrir [os registros] rapidamente para evitar dano na rede — avisa Belli Filho.

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Também professor da UFSC, o pesquisador Ramon Lucas Dalsasso é mais otimista. Responsável pelas disciplinas de Sistema de abastecimento de água e Instalações hidráulicas prediais, ele acredita que a água expulse facilmente o ar das tubulações.

— A pressão vai chegar menor em algumas regiões, então não deve ter esse problema [de rompimento de canos]. De qualquer forma, em edifícios, especialmente nos apartamentos inferiores onde a pressão é maior, é recomendado o controle da abertura das torneiras.

3) Notifique a Casan se o abastecimento não for normalizado

Caso a água não volte a abastecer a sua residência no prazo estipulado pela Caqsan, o professor Paulo orienta a notificação.

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— Tem que comunicar, porque a empresa precisa saber quantas pessoas ainda estão sem água. Essa comunicação, aliás, deve ser de mão dupla. A Casan deve orientar constantemente as pessoas do que fazer neste momento. E falo em comunicação, não em publicidade — destaca o pesquisador.

A Casan, por sua vez, garante estar prestando todos os esclarecimentos à população nos últimos dias. A empresa possui uma central de atendimento para solicitações de serviços pelo fone 0800.643.0195 e também conta com chat no site.

4) Considere haver problemas em sua própria rede, caso o problema persista

É comum que em condomínios, por exemplo, a água demore mais a voltar, mesmo com abastecimento normalizado pela prestadora do serviço. Isso acontece, segundo o professor da UFSC Paulo Belli Filho, quando a bomba queima ou o sistema em funcionamento é antigo. Por isso, ele diz ser necessário acompanhar todo o processo.

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— Às vezes são coisas dentro da própria rede ou da residência, e aí o problema não seria mais lá em Pilões.

Se houver suspeita de problemas secundários, chame um encanador e um eletricista. Revisões constantes no sistema são igualmente recomendadas.

5) Aproveite a água da chuva

A instabilidade vem marcando o tempo na Grande Florianópolis. Nesse sentido, o professor Ramon Lucas Dalsasso lembra que pode ser uma boa ideia captar a água da precipitação para usos específicos dentro de casa.

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— O aproveitamento da água da chuva é uma tendência, está crescendo na cidade, principalmente agora com legislação. Aqueles que têm sistema implantado, estão sendo beneficiados no uso para fins não potáveis, como nas bacias sanitárias, que consomem 30% de toda a água de uma casa. Quem não tiver, pode usar um balde nesse momento — orienta.

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