Pelo menos 10 creches de Florianópolis tiveram as aulas suspensas nesta terça-feira por falta de água. O abastecimento foi prejudicado na madrugada do último domingo em decorrência do rompimento de três adutoras em Santo Amaro da Imperatriz. O conserto da estrutura principal deve terminar até o fim do dia, restabelecendo o fornecimento.
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Segundo a Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan), a região da Bacia do Itacorubi — incluindo os bairros Santa Mônica, Trindade, Pantanal e Carvoeira, especialmente nas ruas mais altas — foi uma das mais afetadas pela falta de água. Em São José, nos bairros Forquilha e Picadas do Sul, aulas também foram suspensas. Conforme a Casan, durante a segunda-feira, 1.150 pessoas entraram em contato através da ouvidoria da companhia, 10% a mais do que em outros dias.
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A creche Waldemar da Silva Filho, na Trindade, em Florianópolis, foi uma das instituições afetadas pela redução do abastecimento. Sem água, o local que atende 240 crianças de zero e seis anos teve que suspender as atividades. As duas caixas d’água com capacidade total de 12 mil litros não foram suficientes para evitar a falta de água. .
Marta Novakoski Costa da Silva, diretora da creche, conta que não conseguiu dormir de segunda para terça, de tão preocupada com a situação. Enquanto mostrava as mensagens trocadas com o secretário adjunto de educação de Florianópolis, Luciano Formighieri, solicitando um caminhão pipa, explicou que os cuidados com os alunos pequenos demanda grande quantidade de água.
— É uma situação complicada, avisamos muitos pais segunda-feira à noite, por e-mail, mas vários vieram hoje pela manhã e tiveram que retornar para casa com os filhos. As famílias têm compreendido a situação, não basta ter um local para deixar as crianças, precisamos de um ambiente com qualidade.
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O secretário de Educação, Maurício Fernandes Pereira, explica que os diretores de creche têm autorização para suspender as aulas caso haja algum risco para as crianças que frequentam o espaço.
— Hoje fui em algumas creches para verificar a situação e me explicaram que houve dificuldade no abastecimento, alguns casos de ar na tubulação. Como essas unidades lidam com crianças, é necessário fazer comida, trocar fralda, dar banho, não havia condições para manter o funcionamento. O carro pipa, da Casan, deu prioridade para as unidades de saúde, então, nas creches em que não conseguimos esse suporte, o atendimento teve que ser suspenso.
Entre os pais pegos de surpresa com a suspensão das aulas, está Fabrício Pasturczak, que trabalha em um comércio na Trindade. Ele conta que a esposa chegou com o filho de dois anos e oito meses na creche, pela manhã, mas teve que retornar ao bairro Monte Verde:
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— Por sorte, minha sogra pode tomar conta dele, mas, em muitos casos, os pais têm que faltar o trabalho para poder ficar com o filho. Hoje é o primeiro dia da minha esposa no emprego, imagina que situação complicada — desabafa.
Comércios e residências também foram afetados
Luiz Henrique Ferreira, proprietário do Via Madre Restaurante, na Trindade, conta que ao receber a notícia do rompimento da adutora começou a economizar e coletar água da chuva para utilizar na limpeza do chão. Até a manhã desta terça-feira, sua caixa de 4 mil litros ainda tinha reserva e o restaurante operava normalmente. Ele explica que já tem esse hábito sempre que percebe indícios de falta d¿água.
— Deveria haver algum tipo de rodízio entre os bairros que estão sem o abastecimento, para que ninguém ficasse sem água — defende.
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Por outro lado, além da creche, outros prédios vizinhos de Ferreira estavam sem abastecimento. O Laboratório Santa Luzia, ao lado do restaurante, manteve o atendimento, mas as placas de ¿manutenção¿ na porta dos banheiros indicava que havia algo diferente na rotina, já que o prédio operava sem água desde segunda-feira.
As casas e apartamentos da região também foram afetados, a advogada Raquel dos Santos, moradora do bairro Trindade, conta que na tarde de segunda-feira começou a faltar água na região. Como sua caixa secou, ela passou no mercado para garantir ao menos 10 litros de água em casa. No mercado, não era a única com bombonas ou garrafas no carrinho.
São José
Bairros de São José também sofreram com a falta de abastecimento, em Forquilhinhas, Wilson Luiz Schlemmer, proprietário do Restaurante Fofinho, conta que desde o fim de semana o fornecimento está prejudicado. A reserva de na caixa acabou segunda-feira e a água que vem da rua não tem pressão suficiente.
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A costureira Adelir Ferreira Proença não teve problemas e pode continuar as obras na casa, mas explica que optou pelo racionamento até que a adutora seja consertada. Um dos pedreiros que trabalhava no local, Felipe Luiz Gomes, conta que seus dois filhos, que estudam em diferentes colégios do bairro Forquilhas e Picadas do Sul, estão sem aulas desde segunda-feira por conta da falta de abastecimento.
Retomada do abastecimento
Após novo adiamento, a Casan prevê que o religamento da adutora seja feito no fim da tarde desta terça-feira, 23. Conforme a estatal, cerca de 80% da estrutura de 800 mm de diâmetro, que capta água do Rio Pilões, já receberam a estrutura metálica de reforço. Na sequência, é esperada a normalização do abastecimento de água da Grande Florianópolis.
Toda a adutora já está totalmente assentada sobre as pilastras reconstruídas na área que sofreu um grande deslizamento de terra na madrugada de domingo em função das chuvas. Segundo a Casan, o solo está extremamente encharcado e instável para receber uma tubulação desse porte e cuja pressão é muito grande quando entra em operação, o que dificulta o trabalho.
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Em nota, a Casan pede a compreensão da população e solicita que o uso de água seja limitado ao essencial mesmo nas regiões não afetadas, pois estas colaboram com as demais. A empresa disponibiliza a Central de Atendimento para solicitações de serviços pelo fone 0800.643.0195 ou chat online do site.
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