Passei os últimos dias no Rio de Janeiro para conhecer de perto o trabalho de uma instituição social, o Saúde Criança, que há 20 anos realiza um serviço para a sociedade civil, que deveria ser feito pelo poder público, com recursos da iniciativa privada. Por este e outros motivos é reconhecido internacionalmente como uma das mais eficientes metodologias de inclusão social através da saúde no mundo, mas infelizmente ainda pouco conhecido no seu próprio país – como outras tantas organizações idôneas, que pelo jeito não rendem boas pautas tanto quanto a desgraça e a violência na nossa mídia cotidiana.

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Alias, o Saúde Criança por persistência e muito esforço consegue expandir este trabalho através de franquias para outros locais como por exemplo, a Grande Florianópolis.

E mesmo na imersão de um encontro com troca de experiências em diferentes estados, onde se discutiram as conquistas e principalmente os desafios de manter e ampliar o trabalho desta ONG – numa sociedade que não possui o hábito de dar contribuições às instituições, sejam elas doações com isenção ou não, provavelmente devido a abusiva carga tributária que os brasileiros pagam para manter um dos Estados mais caros do planeta – eu pude conversar com seus moradores, além dos taxistas (sempre bons cronistas do dia a dia) um desânimo quase paralisador em relação ao rumo das coisas na cidade maravilhosa. Com muitas obras ainda em andamento, principalmente um metrô, que tem tornado o caótico trânsito ainda mais caótico, a violência social e os preços surreais de tudo, não devem mesmo animar ninguém. No entanto, nunca imaginei que o país do futebol fosse tratar a sua tão aguardada Copa do Mundo neste clima de desolação, que lembra a preguiça causada por uma depressão.

A mim, o futebol e seus resultado não fazem a menor diferença na vida, acredito que na vida de ninguém que não estiver diretamente envolvido com o tema, mas como é caso de paixão, melhor nem refletir muito sobre o assunto para não afetar ânimos desconhecidos. Só que esta paixão, pelo jeito não está mais se sobrepondo a vida e as relações em geral. Será de se perguntar se estamos finalmente racionalizando os sentimentos? Espero sinceramente que não, pois a paixão ainda move montanhas, nos traz desafios e persistência para permanecer no rumo, mesmo quando tudo nos leva para a apatia e a imobilidade da desistência. Assim, mesmo sem ser fã de futebol ou de mundiais, torço para que nesta Copa corra tudo bem, como torceria se a mesma fosse realizada em outro país. Mesmo porque se há insatisfação politica, esta deverá ser resolvida nas eleições e mais ainda na cobrança e na fiscalização dos atos dos futuros eleitos.

E é neste clima de Copa confusa, mas que não significa abandono das tarefas e atividades, que me despeço dos leitores que fiz neste Contexto, quase (com poucas exceções) todas as quintas dos três últimos anos, aqui no DC. Aproveito para me desculpar pelos erros (não foram poucos) e agradecer os acertos, as sugestões e os novos amigos virtuais e não virtuais conquistados. Mas como tudo na vida tem um fim, ainda bem, chegou a hora deste espaço. Foram mais de 100 textos sobre assuntos variados, com muitas personagens inventadas (sempre mulheres pois como avisei na estreia, falaria apenas do universo que me cabe) mas sempre baseadas em fatos reais e algumas opiniões próprias emitidas, além de uns poucos diários de viagens. E com este artigo três em um, que mistura Saúde Criança, Copa do Mundo e despedida mando um tchau para você que me acompanhou estes anos e também para você que não o fez.

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