A estudante de pedagogia Márcia Ferreira Teles, 35 anos, está grávida de seis meses de uma menininha. Neste momento, só seu marido trabalha e ajuda a pagar o aluguel e a sustentar a família que já conta com filhos de sete e quatro anos.
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Débora dos Santos, 23, grávida de oito meses e mãe de um pequeno de três anos, trabalhou como doméstica, fazendo bicos, até o sétimo mês de gestação para garantir renda. O difícil momento econômico não as permite em sonhar com quartinho, enxoval e brinquedos para seus bebês que estão para chegar. Mas elas têm sorte. Existem pessoas boas no mundo.
Um grupo de voluntárias da ação social da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, no bairro Estreito, em Florianópolis, há mais de 40 anos trabalha por outras famílias: apoiando mães, assim como elas são. As voluntárias do grupo das Mães Gestantes, como chamam, criam enxovais completos com tip-top, roupas, casaquinhos, lenços, produtos de higiene, e até edredons e cobertores — que elas mesmas costuram. Tudo feito com dedicação e caprichos únicos. E eles são distribuídos, gratuitamente, para gestantes que precisarem de ajuda.
— Elas, mesmo com suas famílias, param suas vidas para ajudar a família dos outros. É um ato de amor — declarou Márcia, uma das gestantes beneficiadas.
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São 12 voluntárias no grupo que, todas as quintas-feiras, se reúnem para costurar e montar os enxovais. Grande parte das roupas dos bebês chega através de doações à igreja e ao projeto social. Capitaneadas pela aposentada Eledir Dias Maykot, de 76 anos — que antes tinha a ajuda da grande amiga Alminha Amorim, que faleceu recentemente — as senhorinhas se dividem nas tarefas. Enquanto umas costuram, outras separam materiais e roupas, outras fazem aquele cafezinho gostoso, e dona Eledir monta o enxoval em um pacote, digno de presente.
— As mães acabam chegando só no final da gestação. Às vezes achamos que não vamos dar conta de ajeitar tudo. Mas ninguém sai daqui sem enxoval — explicou Eledir.
Somente no ano passado, as voluntárias confeccionaram e doaram 110 enxovais completos.
Momento para se conhecer
O propósito da ação social não é só entregar a doação. As voluntárias pedem para que as mães participem dos encontros nas quintas-feiras, para que elas possam sentar juntas, tomar um café, conversar. As senhorinhas querem saber de tudo sobre as mães.
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— Gostei muito de vir aqui. Perdi minha avó há pouco menos de um ano, e vir aqui conversar com elas, ver esse trabalho acontecer, também me faz bem — revelou a gestante Débora.
Antigamente, a ideia do projeto social era ensinar as gestantes a bordar e costurar, para elas próprias fazerem seus enxovais. A ideia era produzir o trabalho em três meses.
— Mas hoje em dia as mães têm outras rotinas. Todas trabalham até o último mês de gestação, cuidam às vezes de três, quatro filhos. Elas não têm tempo para participar do curso. Mas não deixamos de ajudá-las mesmo assim — complementou Eledir.
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É o caso de Juliana Rosa, 31, que espera seu quinto filho. Não consegue trabalhar porque cuida, diariamente, de um dos meninos que tem autismo. Ela foi acolhida pelas voluntárias.

— É muita generosidade. Hoje em dia, se fosse para comprar tudo o que eu ganhei, não conseguiria. Tudo está caro — comentou a mãe, grávida de oito meses.
Apoio do clube
O grupo das Mães Gestantes é apenas uma das ações sociais das voluntárias da igreja do Estreito. Outro grupo, que funciona às terças-feiras, o Clube de Mães, presta um apoio fundamental para a confecção dos enxovais. São 34 mulheres que costuram, bordam, criam, fazem crochê de pecinhas lindas e delicadas, como toalhas, enfeites, jogos de cama, para serem vendidos em um bazar que ocorre todos os anos na paróquia, em novembro.
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— Todo o lucro do bazar é usado para comprar tecidos, linhas e outros materiais para confecção das peças do Clube de Mães e das Mães Gestantes. Tudo volta aos projetos — explicou a coordenadora do Clube de Mães, Enaura Linhares Silva, 72.
Georgina Maria Pacheco, 72, é uma das voluntárias que atua nos dois grupos. Ela faz mantinhas e edredons para os enxovais e também para serem vendidos no bazar. Mesmo com um problema no braço causado por uma cirurgia que deu errado, ela faz questão de estar sempre presente — e costurando.
— Eu trabalhava como costureira em uma empresa de roupas de bebês. Acho que a gente precisa usar nossa experiência para fazer o bem — disse.
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Quer ajudar também?
Se você tem roupas de recém-nascidos em bom estado, brinquedos e até mantas e cobertas, pode levar para a Paróquia Nossa Senhora de Fátima para ajudar o projeto social e as mães. O endereço fica na Rua Souza Dutra, 442, no Estreito.
