Olho nas placas e pé no freio. Os motoristas que não fizerem isso podem até reclamar, xingar nas mídias sociais, mas se transgredirem os limites de velocidade serão multados, a partir desta segunda-feira, pelo menos em 22 pontos onde a fiscalização eletrônica por radares volta a funcionar em Joinville.
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Os mais de dois anos sem qualquer tipo de fiscalização em semáforos, lombadas eletrônicas ou radares pode ter “afrouxado” os limites de velocidade.
Foi isso que a reportagem de “A Notícia” constatou nas principais ruas que passarão ser fiscalizadas a partir desta segunda-feira.
É comum, para quem trafega abaixo da velocidade máxima permitida, sentir-se pressionado pelos outros motoristas. Se a média de velocidade aumentou nos dois anos sem radares, é possível que a resposta venha em forma de multas a partir dos próximos dias.
_ Estamos acostumados a correr atrás dos direitos mas não gostamos de ser cobrados dos deveres. É por este motivo que os hospitais estão lotados de vítimas da imprudência de alguns. A vias que estão recebendo estes equipamentos já estão sinalizadas por anos com placas de regulamentação de velocidade que são imperativas e bastariam se todos fizessem a sua parte _ diz o engenheiro Samuel Luiz Bernardes Gomes, gerente de operações do Departamento de Trânsito (Detrans) da Prefeitura de Joinville.
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Essa tendência dos motoristas de “relaxar” depois de algum tempo sem fiscalização não é algo definitivo ou que possa causar dores de cabeça permanentes. É pela atenção às placas que os motoristas voltam a prestar atenção e a corrigir a velocidade alta. E isso tende a se tornar corriqueiro com o passar dos dias.
_ O desrespeito tende a aumentar quando não há mecanismos de fiscalização. O ser humano é assim, infelizmente. No trânsito, isso é comum não só em relação à velocidade, mas ao uso do álcool e do cinto de segurança, também _ diz Pedro Paulo da Cruz, oficial da reserva da Polícia Militar e especialista em gestão e segurança do trânsito.
Cruz dá aulas de trânsito para motoristas e estudantes que buscam certificação em trânsito e transportes. Ele também percebe uma situação positiva: as regras tendem a ser cumpridas aos poucos e se tornarem parte do cotidiano.
_ Os motoristas precisam estar se sentindo fiscalizados. Aos poucos, o comportamento correto aparece, pela vigilância _ afirma.
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Cem radares até o fim do ano
A primeira etapa da reimplantação dos radares e que começa nesta segunda-feira deve ser complementada até o fim do ano. Ao todo, serão cem pontos com fiscalização eletrônica. Os pontos são basicamente os mesmos previstos em 2012 e onde já funcionava algum tipo de sistema de controle de velocidade.
Os radares de Joinville foram desligados em setembro de 2013 porque o município entendeu que não caberia mais uma prorrogação no contrato _ o último aditivo foi assinado em março daquele ano. A licitação apontou valor máximo de R$ 36,9 milhões por contrato de quatro anos. A empresa vencedora ganhou com proposta de R$ 23,9 milhões, 35% abaixo do teto da concorrência. O contrato de aluguel dos equipamentos pode ser prorrogado por até mais quatro anos.
Até o final do ano, é possível que os cem equipamentos previstos pelo setor de trânsito também estejam em funcionamento. A instalação dos equipamentos ocorre por lote com prazos de 30, 60 e 90 dias.
ENTREVISTA
Samuel Luiz Bernardes Gomes, gerente de operações do Detrans
A Notícia _ Por que foram escolhidos esses lugares? Que critérios foram usados para a localização e instalação desse primeiro lote de radares? Segurança? Questões técnicas? Proximidade do Centro? Áreas de maior incidência de alta velocidade?
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Samuel Gomes _ O projeto básico envolve, dentre outros aspectos, a definição clara da necessidade de instalação desses elementos, seguindo normas próprias do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) para a definição do número de equipamentos e os respectivos locais, onde ocorrem ou potencialmente possam ocorrer acidentes que justifiquem esse regulador de velocidade.
AN _ Qual foi o investimento total da Prefeitura nesse novo modelo de fiscalização?
Gomes _ Ao longo do contrato, de 48 meses, serão investidos R$ 23,9 milhões.
AN – Qual a diferença básica do sistema OCR (reconhecimento óptico de caracteres)? É possível a instalação de uma sala de monitoramento online no futuro?
Gomes _ O OCR é um acrônimo para o inglês Optical Character Recognition, uma tecnologia para reconhecer caracteres das placas a partir de um arquivo de imagem escaneado. Os equipamentos com este dispositivo identificam irregularidades, desde IPVA atrasado, restrições administrativas até se o veículo é roubado. Dos cem equipamentos eletrônicos entre radares, lombadas e semáforos, 26 terão esta tecnologia. Quanto à sala de monitoramento e processamento de imagens, a mesma faz parte do objeto do contrato e será instalada ainda neste mês.
AN _ Uma pergunta que tem mais a ver com curiosidade das pessoas. Porque há três câmeras em cada radar?
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Gomes _ Uma das câmeras captura a imagem panorâmica das duas faixas de rolamento e o do videomonitoramento. As demais são câmeras com foco na placa do veículo que cometeu a infração.
AN _ Na sua avaliação, a volta dos radares vai exigir uma nova postura dos motoristas, que andavam “desacostumados” com a fiscalização?
Gomes _ Estamos acostumados a correr atrás dos direitos, mas não gostamos de ser cobrados dos deveres. É por este motivo que os hospitais estão lotados de vítimas da imprudência no trânsito. As vias que estão recebendo estes equipamentos já estão sinalizadas por anos com placas de regulamentação de velocidade que são imperativas e bastariam se todos fizessem a sua parte. É de lamentar que essa minoria, que não respeita as leis de trânsito, só reduz a velocidade nos pontos fiscalizados e continuam a matar nos pontos sem fiscalização. Será que temos que respeitar a velocidade somente onde tem fiscalização ou algum obstáculo físico como a lombada? Respeitar a preferencial do pedestre nas travessias somente se tiver algum agente de trânsito? Ou respeitar o espaço do ciclista somente se tiver ciclovia?
AN _ Quem vai gerir e como será reinvestido o dinheiro arrecadado com as multas a partir desse novo modelo?
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Gomes _ A gestão do contrato será feita pelo Detrans e, a arrecadação, dividida entre o Detrans, a PM de SC e a Secretaria de Segurança Pública (Detran-SC). A aplicação do recurso deverá obedecer o artigo 320 do Código de Trânsito Brasileiro (Lei 9.503, de 23 de Setembro de 1997). O artigo diz que a receita arrecadada com a cobrança das multas de trânsito será aplicada, exclusivamente, em sinalização, engenharia de tráfego, de campo, policiamento, fiscalização e educação de trânsito.
Confira onde estão os 22 radares em Joinville:
(clique no botão abaixo de “Radares em Joinville” para abrir o menu)