Visita a veleiro de equipe da Volvo Ocean Race revela como vivem tripulantes em alto-mar

Gigante no mar e pequeno em terra. Esta é a primeira impressão de quem vê de perto um veleiro participante da Volvo Ocean Race. Quando se entra na embarcação ficam ainda mais explícitas as dificuldades e limitações que homens e mulheres enfrentam em alto-mar durante os nove meses de competição. Pouco espaço e um ritmo intenso com poucas horas de descanso são rotina na vida da tripulação.

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Em uma visita interna ao barco do Team SCA, único aberto à imprensa, é possível sentir o balançar das ondas logo que se pisa no convés. Para se ter uma ideia, ao velejar pelos mares gelados do Sul a tarefa de trocar de roupa pode levar quase meia hora em função do balanço do veleiro.

Com cerca de 20 metros de comprimento, o Volvo Ocean 65 é usado pelas sete equipes participantes da regata – o barco substituiu o Volvo Open 70 usado na última edição. Mais sensível de velejar, a embarcação é menor e tem menos espaço para velas em comparação a anterior.

A estabilidade também é mais difícil de controlar e a cada etapa a configuração interna pode mudar de acordo com as condições. O trabalho sempre é intenso dentro do barco. Os velejadores geralmente fazem turnos de quatro horas, quando se revezam para descansar, comer e ajudar na manutenção do veleiro. Durante manobras e troca de velas todos voltam ao convés.

Dentro do barco tudo é limitado. As camas são como macas e a cozinha tem apenas dois fogareiros. A comida desidratada é racionada e guardada em sacolas – cada uma dura dois dias e os velejadores fazem três refeições principais e lanches entre elas.

Já a água consumida pela tripulação vem direto do mar e passa por um processo de dessalinização dentro do barco. Apesar do pouco espaço interno e do conforto zero durante o trajeto, o mais difícil e empolgante para os velejadores são os desafios do mar.

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Por dentro do veleiro:

COZINHA

A cozinha fica no meio do barco, logo que se entra na parte interna. Ela conta com dois fogareiros e uma espécie de pia. No local os competidores fazem a comida e dessalinizam a água do mar para consumo. O espaço é bem simples e logo acima são dispostos itens de uso mais comum, como cereais e temperos.

BANHEIRO

O banheiro adaptado fica logo após o local onde os tripulantes dormem e comem.

BELICHES

O espaço de descanso dos velejadores é simples e conta com pequenas camas em forma de beliche. Quando revezam o turno, é neste local que eles dormem e ficam a maior parte do tempo.

LEME

Neste ponto fica o timoneiro da equipe, responsável por navegar e manter a velocidade do barco.

GRINDER / REGULADOR DE VELAS

Os reguladores de velas são o motor do barco e diretamente responsáveis pela velocidade atingida. Quem trabalha nesse setor do barco precisa estar sempre em harmonia com o leme. Esses tripulantes recebem as ordens do navegador e do comandante e precisam traduzir tudo isso em velocidade para a embarcação.

QUILHA

O calado máximo possui 4,7 metros, o que permite um melhor acerto do barco. A redução do peso da quilha também dá mais desempenho ao veleiro.

ÁREA DO NAVEGADOR

Espaço reservado ao navegador da equipe, uma das peças essenciais dentro do barco. É ele quem garante o melhor posicionamento do veleiro, aproveitando o vento e a corrente para chegar mais rápido ao próximo destino. Para isso, o tripulante tem dois computadores e diversos equipamentos tecnológicos. Com eles são feitas análises meteorológicas e definidas as relações de risco. Um bom profissional precisa detectar oportunidades ou mudanças no tempo, que podem dar a vitória à equipe.

ÁREA RESTRITA

Este ponto só é conhecido pelos velejadores. Aqui ficam os materiais e equipamentos usados na disputa e sua configuração faz parte da estratégia de cada equipe.

DESIGN DO BARCO

Feito em fibra de carbono, o Volvo Ocean 65 possui design com ênfase no desempenho na água e um pouco menos em força física. Por isso, o peso da embarcação é extremamente calculado, podendo chegar até duas toneladas dependendo da etapa. Cada velejador pode levar apenas uma mala pessoal e em alguns trajetos tudo é contado para ganhar em performance. A estratégia das equipes também ganha destaque neste barco.

ESTRUTURA

Há oito anteparas dentro do Volvo Ocean 65, que deixam a estrutura mais sólida.

VÍDEO: brasileiro Joca Signorini mostrando o interior de um barco: