Uma ferramenta de inclusão e sensibilização da sociedade. Essa é a proposta da Virada Social, que acontece em Florianópolis neste final de semana, voltada para pessoas com deficiência ou algum tipo de doença rara. A programação começou ao longo da semana com apresentações culturais no centro da cidade e chegou à Beira-Mar Norte neste sábado, 16, com atividades esportivas, recreativas e shows.
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A iniciativa é do Instituto Cidade Com Carinho, que dedicou a Virada Social para “trazer visibilidade àqueles que estão invisíveis no cotidiano da sociedade”. Segundo o presidente do instituto, Tiago Silva, a ideia é que o evento entre de vez no calendário anual de Florianópolis.
— A Virada Social veio para ficar e mostrar para a sociedade um novo olhar. Podemos construir uma cidade acessível para todos.
Ao todo, são mais de 12 horas diárias de programação. No sábado, houve disputa de esportes adaptados, como bocha, basquete em cadeira de rodas, golbol (espécie de handebol para cegos) e futsal para cegos, além de shows de samba. No domingo, a programação começa às 9h, com esportes, apresentações de danças e grupos musicais, e termina com o show da cantora Ana Vilela, às 17h30min. A participação é gratuita.
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— Esse evento é uma oportunidade para as pessoas com deficiência ou doença rara mostrar seu trabalho e sensibilizar as pessoas não só por pena. É importante que as pessoas vejam, interajam e conheçam um pouquinho desse mundo — afirmou a atleta paraolímpica Jucilene da Paixão Moraes Homem, de 38 anos, que disputou a Paraolimpíada de 2008, em Londres.
A estudante de arquitetura Renata Valentim, de 21 anos, estava caminhando pelo calçadão da Av. Beira Mar Norte quando se deparou com a quadra de futsal adaptada para cegos, instalada no bolsão da Casan. Parou por ali e assistiu à partida com o olhar atento.
— Achei muito bacana, fiquei bem encantada com a oportunidade do pessoal ter um espaço na cidade para jogar e se divertir. Achei bem inclusivo.
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Gol de placa
No começo da tarde, a grande atração da Virada Social foi o futsal para cegos. O som do guizo (tipo de chocalho) dentro da bola serve de orientação para os jogadores, que disputam uma partida semelhante ao futsal comum. Na quadra, quem deu show foi o carismático João de Paulo, de 50 anos.
— Então, rapaz… A bola sobrou à feição e eu tive confiança para bater no gol. Acabou que foi no ângulo, foi bacana!
O gol João de Paula aconteceu já no final da partida, emocionando os presentes. Na outra equipe, Angelo Antonio Matias, de 22 anos, atleta profissional do esporte, não pareceu se incomodar com o tento adversário.
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— A partida foi muito boa, todo mundo jogando bem. É legal porque a gente consegue divulgar um pouco os esportes paraolímpícos aqui em Santa Catarina. Também consegui fazer meu golzinho, o que é sempre bom, porque jogo no ataque — comentou Angelo.
Para João de Paula, o maior valor do evento não é o resultado da partida, tampouco acertar o ângulo do goleiro adversário. É a inclusão e a visibilidade que fazem valer a pena toda a Virada Social.
— Essa é uma ferramenta de inclusão. As pessoas têm a oportunidade de observar que, se dadas as condições, uma pessoa com deficiência pode desenvolver e ampliar seus horizontes. É tudo uma questão de oportunidade.
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Corrida beneficente coloca atletas e pessoas com deficiência para correrem juntos