Com um desabafo emocionado publicado na página B.O. UFSC no Facebook – criada por alunos da Universidade Federal de Santa Catarina para expor relatos de ocorrências dentro e ao redor da instituição – a estudante de Direito Nicole Pinheiro descreve os momentos de pânico que passou na última quarta-feira, dia 17, no campus da instituição. A jovem foi assaltada quando ia comprar um chá, por volta das 20h, no intervalo de uma das aulas no local conhecido como “labirinto”, no Centro de Ciências Físicas e Matemáticas.

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Violência na UFSC: alunos relatam sensação de insegurança e reitora dá explicações

A postagem da jovem, que já teve mais de 400 compartilhamentos, trouxe novamente a discussão sobre a segurança no campus, especialmente à noite. Nicole relata que foi surpreendida por um forte puxão no cabelo e uma mão tampando sua boca, empurrando-a contra a parede em uma parte escura do local. A seguir uma voz ordenou que a jovem não gritasse e passasse as coisas que tinha em mãos. Ela entregou carteira e celular sem ver o sujeito, somente sentiu uma pressão na coluna, com algo que não sabia se era uma arma ou um dedo. O homem mandou a contar até dez em voz alta e correr, caso contrário, ameaçou voltar e disse que faria a jovem “se arrepender”.

O relato é mais um entre diversos postados nesta mesma página, que, segundo a descrição, visa “pressionar órgãos competentes e dar dicas de como evitar situações traumáticas”.

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Na prática, poucas mudanças

Menos de um mês após o início do ano letivo, em março, ocorrências como sequestro-relâmpago, invasão do prédio da Moradia Estudantil, roubos e assaltos haviam sido registrados. Na ocasião, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) organizou uma manifestação no hall da reitoria e cobrou da reitora Roselane Neckel providências para melhorar a segurança. Ela prometeu a contratação de 105 novos porteiros, instalação de postes e holofotes, atualização do sistema de 1,1 mil câmeras e transferência do Departamento de Segurança (Deseg) para o prédio da Administração Escolar.

Das medidas anunciadas, pouco foi feito. Por meio da assessoria de imprensa, a UFSC informou que a contratação dos porteiros aconteceu em abril e todos já estão atuando, permitindo que os profissionais de vigilância intensifiquem as rondas no campus. Quanto a outro ponto polêmico, a presença da Polícia Militar no campus, a universidade informou que a cooperação entre as polícias continua. A PM é chamada e atende a comunidade sempre que necessário.

Sobre a escuridão no campus, a universidade responde que “a Prefeitura Universitária vem investindo na manutenção e ampliação dos pontos de iluminação de todo o campus desde 2014, com o trabalho de equipes noturnas na instalação de holofotes e novos postes fabricados pela própria prefeitura, em pontos estratégicos para a segurança do campus”.

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Além disso, há um projeto de iluminação, que foi entregue à Prefeitura Municipal de Florianópolis, como contrapartida da cessão do terreno da UFSC para a duplicação da Rua Deputado Antônio Edu Vieira. A UFSC segue em contato com a PM e há informações de que o detalhamento do projeto pela empresa responsável está avançando.

A assessoria ainda informa que a compra do novo sistema de câmeras está em fase de licitação, aguardando a disponibilização de recursos e que a transferência do Departamento de Segurança (Deseg) para o prédio do Departamento de Administração Escolar (DAE) depende do término das obras de reforma, “que neste momento estão focadas na adequação da rede elétrica e de dados”.

A UFSC também informou que não tem dados das ocorrências no campus em 2015, pois realiza este levantamento somente no fim do ano, mas que este número tem reduzido.

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