Invasão do prédio da Moradia Estudantil, sequestros-relâmpago, roubos e assaltos. O semestre letivo começou na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) há menos de um mês, em 9 de março, e esses quatro tipos de ocorrências já foram registrados no campus. A 5ª Delegacia de Polícia Civil, que atende a região onde está a universidade, contabilizou 14 roubos e 10 furtos no entorno da UFSC só em março de 2015.

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Um ano após o episódio que ficou conhecido como “Levante do Bosque”, a comunidade universitária se mobiliza novamente por mais segurança na área de 1,14 milhão de metros quadrados compreendida pelo campus da Trindade, onde circulam diariamente de 20 a 25 mil pessoas. A página no Facebook “B.O. UFSC” foi criada para “expor relatos de ocorrências da UFSC e redondezas, pressionar órgãos competentes e dar dicas de como evitar situações traumáticas”.

Confira a entrevista com o chefe de gabinete da reitoria, Carlos Vieira

Hora – Depois do levante do bosque, o que a UFSC fez para aumentar a segurança e qual o reflexo das ações nas estatísticas?

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Carlos Vieira – Desde o evento, nós tivemos diversas ações, principalmente audiências públicas, fóruns de discussão, reunião da Roselane (reitora) com polícias e SSP. Também criamos Comissão Permanente de Segurança e temos tomado ações efetivas, como a melhoria da iluminação do campus. Conversamos com a Prefeitura de Florianópolis e repassamos a responsabilidade do projeto de iluminação mais amplo a eles, como contrapartida da cessão do terreno para publicação da Edu Vieira. Nós saímos de um investimento de R$ 14 milhões em segurança e partimos para quase R$ 20 milhões neste ano. Estamos aumentando o número de porteiros e vigilantes terceirizados. Estamos na tentativa de reaproximação da Polícia Federal, uma vez que foi mudada a superintendência do órgão.

Hora – Como funciona o relacionamento da UFSC com os bairros ao redor para formulação da estratégia de segurança?

Vieira – O problema da UFSC e do entorno é muito complexo e, como o crime, é dinâmico. Se você aperta em algum lugar, ele vai para outro. Dos assaltos a mão armada, 80% são feitos fora do campus, em regiões próximas, mas externas. De todas as 14 mil ocorrências do ano passado registradas no entorno, apenas cerca de 100 estavam relacionadas à UFSC. Os números indicam uma tendência de redução, embora o contexto atual que a gente viva tenha aumentado.

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Hora – Como a reitoria enxerga o fato de a comunidade universitária não perceber essa melhora?

Vieira – Você pega os números e vê que existe uma tendência de redução, mas pela divulgação da mídia, parece que são muitos. Se fossem publicadas as ocorrências do entorno nas mesmas proporções, as pessoas veriam que nem se compara à realidade aqui dentro. Aqui está um paraíso.

Hora – Como funciona a relação do DESEG com a Polícia e como se pode melhorar?

Vieira – O nosso segurança é um segurança patrimonial, então ele não pode fazer a abordagem, porque constitucionalmente isso é atribuição da Polícia Militar. Aí cria-se um impasse. Mesmo que contratássemos seguranças armados, eles não poderiam abordar. Se ele vir uma pessoa suspeita, terá de chamar a PM. Se a PM não vem, pode se conflagrar situação de risco para a população.

Reitora aponta ações

Para aplacar os ânimos dos cerca de 50 estudantes que permaneceram até o fim do protesto de ontem, a reitora Roselane Neckel destacou as seguintes medidas que estão sendo tomadas pela administração central da universidade: contratação de porteiros, instalação de novos postes e holofotes, atualização do sistema de 1,1 mil câmeras IP e transferência do Departamento de Segurança (Deseg) para o prédio do Departamento de Administração Escolar (DAE), na rótula da Trindade, na próxima semana. Em breve, o local será responsável pelo controle de acesso de automóveis no período da noite e nos fins de semana.

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De acordo com a assessoria de comunicação da reitoria, são investidos R$ 13 milhões por ano em vigilância e, neste ano, R$ 6,5 milhões adicionais com porteiros – 102 novos profissionais foram contratados, que irão para realizar mais rondas a partir de hoje.

Sobre a iluminação da universidade, a reitoria explica que desde 2014 foram instalados 50 novos postes, além da manutenção dos demais.

Iluminação nas mãos da prefeitura

Já em relação ao projeto que pretende igualar a iluminação do campus às ruas de Florianópolis, a administração explica que foi entregue à Prefeitura de Florianópolis como uma das contrapartidas para a cessão do terreno da Rua Deputado Antônio Edu Vieira.

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O policiamento na área da UFSC é outro tema polêmico que pauta a reivindicação por mais segurança. Hoje, 308 vigilantes realizam a patrulha em turnos de todo o campus – sendo 47 efetivos e 261 terceirizados, segundo o Deseg -, com o agravante de não poderem portar armas letais