A dona de casa Frassilia Guedes, 65 anos, fica praticamente muda ao lembrar do assassinato do filho Ederson Bonete, o Pretinho, 27 anos, em Joinville. As palavras não saem. Faltam respostas: a tristeza e o sofrimento lhe tiram a vontade de pronunciar algo.
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– Seria importante saber o que houve, mas eu ainda não sei, não faço ideia. Jamais pensei que iria ser o meu filho – resigna-se.
Violência em Joinville: um lugar dividido entre duas facções
Moradora do bairro Fátima, zona sul, Frassilia perdeu o filho morto a tiros na chacina de 6 de dezembro de 2015, quando outras seis pessoas foram assassinadas em cerca de três horas em Joinville. Dois anos antes, em São Francisco do Sul, ela já havia perdido o filho Adelir Florenço Guedes, o Lili, 32 anos, morto a tiros.
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Dois meses depois da morte de Pretinho, ela não tem nenhuma informação da polícia sobre quem o matou, nem uma explicação do que aconteceu. A mãe reconhece que o filho era usuário de maconha, mas diz que estava longe de ser traficante, violento ou que fosse alguém que tivesse inimigos ou dívidas.
– Ele trabalhava numa oficina com espelhamento de carros. Todo mundo gostava dele aqui no bairro. Talvez estivesse no lugar errado e na companhia errada – desconfia.
Polícia prende um dos líderes do PCC em Joinville
Bonete e Adão Pereira da Silva, 37 anos, foram executados a tiros de madrugada em uma construção na Rua Guanabara, próximo ao local em que ele morava com a mãe. Os corpos estavam de joelhos e de costas para a parede. Frassilia prefere não apontar nenhuma motivação para os crimes ou quem os tenha cometido. Lembra do jeito brincalhão do filho:
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– Ele era bom para mim. Dizia: ô coroa, se cuide – recorda Frassilia.
A chacina segue impune e apenas uma das sete mortes registradas naquela noite pode não estar relacionada à matança. A polícia prendeu duas pessoas temporariamente, mas elas já foram liberadas e, até agora, não houve divulgação da conclusão do inquérito, nem indícios da motivação concreta dos crimes.
Cabeça de jovem é encontrada em mochila na zona Norte de Joinville
As linhas de investigação são acerto de contas entre facções criminosas ou a suposta retaliação de policiais militares a uma tentativa de homicídio contra um PM um dia antes, no bairro Adhemar Garcia, também na zona sul.