Uma das maiores operações já colocadas em prática pela Polícia Federal para combater a atuação de quadrilhas especializadas em arrombar caixas eletrônicos em Santa Catarina e no Paraná garantiu a condenação de 27 réus pela Justiça Federal paranaense, incluindo dois joinvilenses.

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A Operação Mercúrio, que foi desencadeada há exatos dois anos, prendeu quase 40 pessoas suspeitas de envolvimento numa articulação criminosa. Eram investigados crimes como roubos de veículos, assaltos a ônibus de turismo, sequestro, homicídios, tráfico internacional de drogas e contrabando de armas, além de 13 ações contra terminais eletrônicos da Caixa Econômica Federal em Curitiba.

Sete joinvilenses chegaram a ser detidos quando a operação veio à tona. Mas, no decorrer da apuração processual, apenas dois deles tiveram a denúncia aceita pela Justiça Federal e ainda puderam responder ao processo em liberdade.

Na última quarta-feira, quando a sentença foi assinada pela juíza federal Marize Cecília Winkler, os joinvilenses Anderson Hickman, 29 anos, e Ivan Aparecido Alves, 35 anos, foram condenados. Anderson recebeu pena de sete anos e seis meses de prisão, no regime semiaberto, por roubo e associação criminosa.

Pesava contra ele a acusação de participar do arrombamento de um caixa eletrônico em um shopping de Curitiba, em 2011. A juíza ainda considerou que, em buscas na casa dele, foram encontrados seis aparelhos celulares e um kit para limpeza de arma.

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Anderson poderá recorrer da sentença em liberdade. Ivan foi condenado a um ano e seis meses de prisão em regime aberto por associação criminosa. A pena será substituída por prestação de serviços à comunidade e multa de cinco salários mínimos.

A denúncia do Ministério Público Federal narrava que Ivan seria o responsável por fornecer os veículos utilizados nos crimes, além de também participar de negociações envolvendo o tráfico. Apesar de já estar em liberdade e ter recebido o benefício da pena alternativa, ele também pode recorrer contra a condenação.

Dos 27 condenados, somente 11 continuam presos e um está foragido. O Ministério Público Federal denunciou 51 pessoas após as investigações.

Joinvilenses negam participação no crime

Os dois réus joinvilenses alegaram inocência em todo o processo. A defesa de Ivan pedia a absolvição dele com o argumento de que sua participação nos crimes não poderia ser comprovada.

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O crime de quadrilha, conforme a defesa, também não teria sustentação porque o próprio Ministério Público Federal pediu a absolvição de um dos outros três réus supostamente ligados a Ivan, o que descaracterizaria o delito. Em depoimento, Ivan negou qualquer prática criminosa. Ele afirmou que conhecia um dos acusados apenas porque vendia carros e já havia feito negócios com ele.

Em depoimento, Anderson afirmou que a Polícia Federal praticou tortura psicológica contra os suspeitos, forçando-os a se colocarem uns contra os outros. As circunstâncias, segundo Anderson, teriam contribuído para um testemunho contra ele.

No mesmo depoimento, Anderson também afirmou que esteve em Curitiba um dia antes do crime no shopping e que teria passado a pelo menos 30 quilômetros de distância do local dos fatos, além de também não ter passado na casa de um dos réus presos em flagrante naquela ação. Triangulações do sinal do seu telefone, disse Anderson em depoimento, comprovariam a versão.