Ao tomar posse nesta terça-feira como ministro do Turismo do governo Michel Temer (PMDB), Vinícius Lummertz se tornou o 12º catarinense a ocupar um lugar na Esplanada dos Ministérios desde o início da redemocratização, em 1985. Levando em conta áreas importantes para a economia e o desenvolvimento do Estado, é a quarta vez que Santa Catarina terá representantes por um período significativo em Brasília, podendo render frutos para o setor nos próximos meses.

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Embora não esteja no primeiro escalão do governo federal, nem tenha um orçamento multibilionário, comandar o Ministério do Turismo tem grande relevância para SC. O próprio governo de Eduardo Pinho Moreira (PMDB) admitiu que a nova função de Lummertz foi um dos motivos que o fez manter a Secretaria de Turismo no Estado, que inicialmente seria extinta. O novo ministro também já adiantou que sua prioridade número “001” será concluir o Centro de Eventos de Balneário Camboriú e há expectativa de mais recursos liberados até o fim do ano.

A outra vez que o Estado foi destaque na Esplanada foi quando ainda existia o ministério da Pesca e Aquicultura, com três catarinenses passando pelo comando. A pasta foi criada no governo de Lula (PT) e transformado em secretaria secundária no início do segundo mandato de Dilma Rousseff (PT). Assim como o Turismo, a Pesca não estava entre os ministérios mais importantes ou cobiçados nacional e politicamente, mas tinha grande repercussão em Santa Catarina, que se destaca no setor, entre outras coisas, por ser o maior produtor de pescado do país e ter o maior polo pesqueiro brasileiro na região de Itajaí, Navegantes e Porto Belo.

Representatividade

Catarinenses foram ministros desde o primeiro governo após a ditadura militar (ainda eleito de forma indireta), com Jorge Bornhausen e Luiz Henrique da Silveira compondo a equipe de José Sarney (PMDB). Nas gestões seguintes, apenas na de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) o Estado não teve nenhum representante.

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E embora em quantidade Santa Catarina não seja um dos principais destaques, políticos do Estado chegaram a ocupar ministérios com grande relevância e influência, seja política, técnica ou orçamentária. Bornhausen foi ministro da Educação de Sarney e chefe da Casa Civil de Collor, Mário César Flores comandou a Marinha também com Collor, Dejandir Dalpasquale assumiu a Agricultura com Itamar Franco (ainda que por apenas dois meses) e Ideli Salvatti foi responsável pela articulação do Planalto com o Congresso em boa parte do governo Dilma Rousseff.

Os ministros de SC

Governo José Sarney (1985-1990)

Jorge Bornhausen

Ministério: Educação

Período: 14 de fevereiro de 1986 a 6 de outubro de 1987

— Nasceu no Rio de Janeiro, mas fez toda a carreira política em SC, de onde também é sua família

— Foi nomeado ministro da Educação por Sarney, que assumiu com a morte antes da posse de Tancredo Neves, eleito pelo colégio eleitoral

— Hoje com 80 anos, está afastado da vida pública e das eleições, mas continua influente nas articulações dos bastidores

— Ministério da Educação era e continua sendo um dos principais do governo federal, tanto em orçamento quanto em relevância política e técnica

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— Ministro, a partir desta terça, é Rossieli Soares da Silva. Ele era secretário de Educação Básica do ministério e assume com a saída de Mendonça Filho, que disputará as eleições em outubro

Luiz Henrique da Silveira

Ministério: Ciência e Tecnologia

Período: 23 de outubro de 1987 a 29 de julho de 1988

— Nasceu em Blumenau e fez carreira política em Joinville

— Já influente no PMDB na década de 1980, assumiu o ministério na gestão do correligionário, primeiro presidente do país após o regime militar

— Morreu em 2015, aos 75 anos

— Ministério da Ciência e Tecnologia foi criado no governo Sarney e hoje abrange também as Comunicações. Tem grande importância técnica, embora relevância política menor (inclusive tendo sofrido cortes recentes na verba para investimentos)

— Ministro atual é Gilberto Kassab (PSD)

Governo Fernando Collor (1990-1992)

Jorge Bornhausen

Ministério: Casa Civil

Período: 2 de abril a 11 de setembro de 1992

— Ministério é o mais importante em termos de articulação política e decisões do governo

— Por integrar a estrutura da Presidência da República, não tem orçamento próprio

— Atual ministro-chefe da Casa Civil é Eliseu Padilha

Mário César Flores

Ministério: Marinha

Período: março de 1990 a outubro de 1992

— Nasceu em Itajaí e passou por várias funções na Marinha até assumir o comando, à época ainda formalmente chamado de ministro

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— Tem 87 anos e está na reserva da Marinha

— O Ministério da Marinha virou Comando da Marinha em 1999

— Hoje o comandante da Marinha é o almirante-de-esquadra Eduardo Bacellar Leal Ferreira, diretamente subordinado ao ministro da Defesa e nomeado pela Presidência da República

Governo Itamar Franco (1992-1995)

Dejandir Dalpasquale

Ministério: Agricultura

Período: 13 de outubro a 21 de dezembro de 1993

— Natural do Rio Grande do Sul, viveu e fez carreira política em Campos Novos

— Chegou ao ministério devido a ligação com o setor rural e a defesa do cooperativismo

— Morreu em 2011, aos 78 anos

— Ministério tem grande importância técnica e também uma considerável relevância política

— Hoje tem o nome de Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e o atual ministro é Blairo Maggi

Governo Lula (2003-2010)

Altemir Gregolin

Ministério: Pesca e Aquicultura

Período: 3 de abril de 2006 até 1 de janeiro de 2011

— Natural de Coronel Freitas e tem 53 anos

— Foi o segundo ministro da Pesca e Aquicultura, pasta criada por Lula em 2003 com o nome de Secretaria Especial da Aquicultura e Pesca (Seap) _ já com status de ministério

— Já disputou cargos eletivos, mas atualmente não é cotado como pré-candidato em 2018

— A oficialização como ministério se deu em 2009, sendo extinto e incorporado como Secretaria da Pesca ao Ministério da Agricultura em outubro de 2015 e, em março de 2017, ao Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços

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— Quando tinha status de ministério, não tinha grande relevância política, mas era tecnicamente importante, especialmente para Santa Catarina, com forte ligação econômica com a pesca e aquicultura

— Ministro atual é Marcos Jorge, que era interino e foi efetivado nesta terça-feira

José Fritsh

Ministério: Pesca e Aquicultura

Período: 1 de janeiro de 2003 a 31 de março de 2006

— Natural de Ipumirim, tem 63 anos

— Foi o primeiro ministro da Pesca e Aquicultura, pasta criada por Lula em 2003 com o nome de Secretaria Especial da Aquicultura e Pesca (Seap) _ já com status de ministério

— Já ocupou cargos eletivos e é pré-candidato nas eleições de 2018, com cargo indefinido

Luiz Fernando Furlan

Ministério: Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

Período: 1 de janeiro de 2003 a 29 de março de 2007

— Natural de Concórdia, tem 71 anos

— É acionista da Sadia e neto do fundador da empresa, tendo retomado a vida empresarial em 2008, após deixar o ministério

— Hoje o nome da pasta mudou para Indústria, Comércio Exterior e Serviços

— Ministério tem importância técnica, mas pouca relevância política e orçamentária

Márcio Zimmermann

Ministério: Minas e Energia

Período: 31 de março de 2010 a 1 de janeiro de 2011

— Natural de Blumenau, tem 61 anos

— Assumiu o ministério com a desincompatibilização do titular Edison Lobão para concorrer às eleições de 2010

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— Já presidiu a Eletrosul; hoje é secretário do Conselho Consultivo da FGV Energia

— Ministério tem considerável importância técnica e política

— Atual ministro é Moreira Franco, que tomou posse nesta terça com a saída de Fernando Coelho Filho para disputar as eleições

Governo Dilma (2011-2016)

Eva Chiavon

Ministério: Casa Civil

Período: 22 de março de 2016 a 12 de maio de 2016

— Natural de Chapecó, tem 57 anos

— Assumiu interinamente a Casa Civil em razão da polêmica envolvendo a nomeação de Lula, que foi barrada pela Justiça

— Atualmente é assessora parlamentar no Senado

Manoel Dias

Ministério: Trabalho e Emprego

Período: 15 de março de 2013 a 2 de outubro de 2015

— Natural de Criciúma, tem 79 anos

— Quadro histórico do PDT, esteve à frente do ministério no fim do primeiro governo e início do segundo mandato de Dilma, pegando inclusive um período de agravamento do desemprego

— É pré-candidato a deputado federal nas eleições de 2018

— O Ministério do Trabalho perdeu força e relevância política ainda no governo de Dilma Rousseff e a situação pouco mudou no governo de Michel Temer

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— Atual ministro é Helton Yomura, que era interino e foi efetivado nesta terça-feira

Ideli Salvatti

Ministérios: Pesca e Aquicultura, Relações Institucionais e Direitos Humanos

Período: 1 de janeiro de 2011 a 10 de junho de 2011 (Pesca), 10 de junho de 2011 a 1 de abril de 2014 (Relações Institucionais) e 1 de abril de 2014 a 16 de abril de 2015 (Direitos Humanos)

— Natural de São Paulo, tem 66 anos e fez carreira política em Santa

Catarina

— É a catarinense a ficar mais tempo na Esplanada dos Ministérios, considerada pessoa de confiança da ex-presidente Dilma Rousseff

— Voltou em outubro de 2017 dos EUA, onde ocupava cargo de assessora de acesso a direitos e à equidade, e, até agora, não tem seu nome ventilado como pré-candidata nas eleições de 2018

— Além da Pesca, que tinha grande relevância para SC e acabou virando uma secretaria secundária dentro de outro ministério, as outras duas pastas pelas quais Ideli passou também sofreram modificações

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— A Secretaria de Relações Institucionais, com status de ministério, era responsável pela coordenação do governo e relacionamento com o Congresso e tinha grande relevância política. A pasta, porém, acabou extinta em abril de 2015, com as funções dela sendo vinculadas à vice-presidência da República

— A Secretaria de Direitos Humanos, também com status de ministério, virou efetivamente ministério em 2015 e, a partir de fusões com outras secretarias, se tornou o Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos. Foi extinto em 2016 e recriado em 2017 como ministério

— O atual ministro é Gustavo Rocha, que era interino e foi nomeado definitivamente

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