Durante o Campeonato Brasileiro do ano passado a Chapecoense convidou Vinícius Eutrópio, que havia sido demitido do Figueirense, para treinar o time. Na ocasião, o técnico recusou a oferta porque estava encaminhado para treinar o Al Ittihad Kalba, dos Emirados Árabes. Ele ligou às 4h da manhã do Oriente Médio para avisar os diretores da Chapecoense que tinha fechado o contrato, agradeceu o convite e deixou aberta a possibilidade de um acerto futuro.
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A atitude do treinador deixou boa impressão no clube, que fez nova investida no final do ano passado. Desta vez, a resposta foi sim. Eutrópio viu no Verdão do Oeste a oportunidade de crescer com o clube. Assim como a Chapecoense, ele está despontando no cenário nacional e diz ter pretensão de participar desse momento de crescimento do clube.
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O técnico iniciou a carreira como volante e foi campeão Catarinense pelo Criciúma, em 1989 e, da Copa Santa Catarina, pelo Figueirense, em 1996. Na final, enfrentou a Chapecoense. Após, atuou como auxiliar de 14 treinadores, entre eles Carlos Alberto Parreira, no Fluminense, e Antônio Lopes, no Atlético-PR. Como treinador, foi campeão catarinense do ano passado, pelo Figueirense.
Com a vasta experiência, afirma conhecer bem a força da torcida da Chapecoense e pretende utilizar essa energia para fazer uma boa campanha no Estadual. Sua estratégia é formar um time mantendo a forte marcação, mas com saída rápida para o ataque. Além disso, já quer montar uma base para o Brasileiro.
Você disse que pretende manter o DNA de marcação da Chapecoense, mas também colocar algumas características suas na equipe. Como será a Chapecoense de Vinícius Eutrópio?
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Vinícius Eutrópio – Vamos manter a marcação forte e, primeiro, o respeito ao adversário. O perfil do grupo que traçamos no planejamento é de jogadores participativos, que atuem na armação da jogadas, mas que também marquem, diminuam o espaço. Vamos atuar com técnica e rapidez. Nos primeiros jogos ainda vai ser difícil ter isso mas, ao longo do campeonato, vamos ter uma marcação forte e uma saída rápida.
Nos primeiros confrontos a Chapecoense vai enfrentar times que já vinham treinando há mais tempo. Como você irá fazer para compensar essa diferença?
Eutrópio – É um desafio que teremos que superar. Quando estive na Europa pude observar que lá todos têm 30 dias de férias e todos têm 30 dias de preparação. Aqui é diferente. Além disso, teremos jogos no domingo e no meio da semana. O ideal seria pelo menos um intervalo de sete dias entre os jogos neste início. Mas isso não é culpa da Federação.
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Você segue um modelo europeu de treinamento?
Eutrópio – A gente procura estar atualizado. Busco experiência com outros treinadores. Fui auxiliar de 14 treinadores. Nos treinamentos busco muita coisa que se faz lá fora e adapto à nossa realidade. Faço um treinamento desde 2009 que é o futebol integrado. Em vez de correr 50 metros ele tem que desviar de obstáculos. Isso exige mais do jogador.
Desta vez a Chapecoense montou um grupo de jogadores conhecidos no cenário nacional, ela assume uma condição de ser forte candidato ao título?
Eutrópio – É inegável que temos cinco times que têm que entrar no campeonato pensando no título. Na Chapecoense essa situação de reforços se dá por dois motivos. Um é a valorização do futebol catarinense, outro é a valorização da Chapecoense, que se mostrou muito séria no mercado. Além disso, a montagem do grupo foi com o objetivo de formar um time já para o Brasileiro, para ter poucas mudanças após o Catarinense. Por isso, contratamos um número reduzido, muito em prol da qualidade. Temos apenas 26 jogadores profissionais, sendo quatro goleiros. Não são jogadores de aposta. Mesmo o Vilson e o Maylson, que vêm de lesão e estão em fase de recuperação, são jogadores de qualidade indiscutível.
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Este deve ser um dos melhores campeonatos de todos os tempos, pelo equilíbrio de forças?
Eutrópio – Sim. Um fator muito importante foi a mudança de quatro para seis clubes no hexagonal. Se os cinco times de Série A e B passarem, cada time terá pelo menos 12 jogos sem favoritos. Isso não acontece em nenhum outro campeonato regional. Isso nivela os jogadores num estágio mais alto. Falei para os jogadores que não vai ter jogo fácil.
Você disse que é um cara tranquilo, mas que às vezes assume a postura de capitão, como nos tempos de jogador, como é isso?
Eutrópio – Sou um cara tranquilo, mas no treinamento eu grito, cobro, brinco, sou totalmente diferente. Na hora do treinamento tem que se dedicar. No dia do jogo é a hora boa. É um dia especial. O jogador tem que sentir entusiasmado e confiante.
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Você tem alguma mágoa da saída do Figueirense no ano passado?
Eutrópio – Não. O problema foi com uma pessoa que não tem mais vínculo com o clube. Só tenho a agradecer pela confiança num momento de dificuldade do clube.
A Chapecoense esteve várias vezes na tua trajetória, o que você lembra desses confrontos?
Eutrópio – Em 1989 foi a primeira vez que estive aqui com o Criciúma, o time era o Levir Culpi. Na época eu era reserva. Fomos campeões catarinenses. Em 1996 vim com o Figueirense para a decisão da Copa Santa Catarina e ganhamos de 4 a 1. Deu uma confusão depois do jogo. Também vim pelo Duque de Caxias, na Série C de 2012 e perdemos. Como técnico do Figueirense, em 2013, empatamos na Série B e no estadual. Lembro que sempre foi muito difícil jogar aqui. E quero usar essa energia que a torcida cria a nosso favor. Quero que os jogadores façam gol e comemorem com a torcida.
Dá para dizer que a Chapecoense e o Vinícius Eutrópio têm características em comum por serem emergentes no cenário nacional?
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Eutrópio – É uma busca dos dois. A Chapecoense teve um crescimento baseada em critérios, honra de seu compromisso. Eu também sou uma pessoa criteriosa, pés no chão e com muita vontade de crescer. Temos histórias bem parecidas. Quando cheguei na Chapecoense disse que queria ser uma peça dessa engrenagem. O clube está crescendo e eu quero crescer junto com ele.